quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

NÃO É CENSURA, É ESTUPIDEZ PURA E SIMPLES

Para aqueles que têm um nível cultural próximo da PSP de Braga, esclareço que o blogue não virou pornográfico (se bem que dava de certeza mais leitores) e que esta imagem é um quadro exposto no Museu d`Orsay em Paris, com o título " A Origem do Mundo", pintado por Gustave Coubert em 1866.
O facto da polícia ter apreendido numa feira do livro alguns exemplares de um livro que tinha esta imagem na capa, devido a queixas de algumas mentes sensíveis (ai, o Portugal puritano) levou logo a que se gritasse censura, atentado à liberdade e outros disparates que tal.
Nada mais errado, trata-se de um misto de ignorância e estupidez. Se fosse censura o Eng já me tinha fechado o blogue e cá continuo, se bem que mais parado!
E posso demonstrar, senão vejamos:
Gerações inteiras de polícias (e não só), foram leitores ávidos da saudosa revista Gina, marco incontornável na educação de milhares de na época rapazinhos, hoje adultos, e inimitável no estilo fotonovela porno. E aquilo não era só fotos, tinha legendas e argumento, com balões tipo bd com texto batido à máquina, logo não era para qualquer um. Se bem que quem não sabe ler vê os bonecos! Como toda a juventude reprimida, essas revistecas tinham de estar desmarcadas, porque caso fossem apanhadas pela entidade paternal eram confiscadas (possivelmente para posterior análise detalhada) e se fossem apanhadas pela entidade maternal, para além de confiscadas ainda dava direito a um grande par de chapos, que na altura ainda não se usava essa mariquice de psicólogos por dá cá aquela palha!
Assim, instintivamente, desde pequeninos que certas pessoas associam gajas nuas a apreensão.
É compreensível, foram assim educados, a culpa é do meio social, trauma de infância, etc e tal, psicólogo com eles!
Os mais cépticos podem argumentar que isso era pornografia e isto é arte, ao que eu respondo que uma gaja nua é uma gaja nua, ponto final. Os franceses sempre foram dessas tretas, uma cambada de libertinos comedores de croissants, é o que é!
Está certo que a bófia devia desconfiar que isso de pornografia pintada dá muito trabalho quando se podem tirar fotos a cores bem mais realistas, portanto devia ser arte. Mas os gajos também não se podem lembrar de tudo, que diabo. Se se lembrassem se calhar diziam aos atrasos de vida que se queixaram, essa cambada de abichanados que não gosta de moças descascadas (sem qualquer conotação perjorativa para os abichanados que isto é um blogue politicamente correcto), qualquer coisa do género "se não gostam não olhem"!
E agora essa desculpa esfarrapada que foi para evitar alterações da ordem pública, nem parece da polícia. Perder assim um pretexto para lhes arriar de cacetete?
A manutenção da ordem pública já não é o que era. Por este andar, a partir daqui quando a ministra da educação for a qualquer lado, na véspera, para não terem que arrear na estudantada, matam as galinhas da localidade e apreendem os ovos!
Mas de todo em todo, este episódio poupa muito trabalho ao Instituto Nacional de Estatística. Se quisermos calcular o nosso atraso em relação a França, é fácil:
Estamos em 2009 e o quadro foi pintado em 1866 sem tanta confusão. Assim, calculo no mínimo um atraso de 143 anos, mais mês menos mês.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PRAZERES CULPADOS

Podem dizer o que quiserem, mas recentemente debrucei-me sobre este disco e acho divertidíssimo.
Música animada, variada, bem tocada e com letras fantásticas de tão bem feitas que são.
Gozem à vontade, mas acho sinceramente que é dos melhores discos recentes da música portuguesa.
Como eu digo habitualmente, que se lixe o elitismo.
E como diz a senhora no disco, do CCB gosto da vista, da Gulbenkian do jardim.
E se não gostarem Fon Fon Fon...

(DE) FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Eis-me regressado de um dia de formação, a ganhar fôlego para mais um amanhã.
Felizmente a formação era sobre um tema que ouvi tantas vezes que em horas acumuladas já devo ter direito a um doutoramento magna cum laudae, pelo que pude preocupar-me todo o dia com as coisas que deixei de fazer e que fui alinhavando, para poder fazer entre as seis da tarde e as nove e meia, enquanto devolvia as cinquenta chamadas que não pude atender.
Já aumentou a minha produtividade, deve dar algum resultado!
Considerandos à parte, métodos e conteúdos fora da discussão, há uma coisa que queria deixar bem clara à consideração de consultores, formadores, especialistas e gurus de pacotilha que leram o livro do Jack Welsh no comboio entre Almada e Lisboa ao longo de alguns meses:
O próximo gajo que disser chavões do género "crise igual a oportunidade", "a palavra chinesa para crise e oportunidade escreve-se da mesma forma" e (esta é das minhas favoritas) "em tempo de crise há dois tipos de pessoas. Os que choram e os que vendem lenços!", juro que leva com uma cadeira pelos cornos abaixo.
Até a minha pachorra, que roça o absurdo, tem um limite de clichés que consegue suportar!
E já agora, dei-me ao trabalho de verificar em fonte segura (fui à loja dos chineses) e apesar de para mim ser chinês, a porra da palavra crise nem sequer com boa vontade é parecida com oportunidade.
E mesmo que fosse são chinesices e os gajos trabalham por meio prato de arroz, portanto alguém me há de explicar como porra é que essa treta se aplica a seja o que for na nossa terrinha onde oportunidade se escreve Freeport (freepor na fonética do Engenheiro, mas deve ser inglês técnico) e crise se soletra BPN.
Acho que preciso de formação no assunto.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A BATALHA DA PRODUTIVIDADE SERÁ GANHA

Não há fome que não traga fartura e como tenho tido reclamações sobre a incúria com que tenho gerido este pasquim, aqui fica a terceira posta de pescada do dia, para que não haja razões de queixa, mais vale aviar de empreitada já que liguei a maquineta.
Antes de mais nada, a justificação, não vá alguém da empresa ler esta treta e eu perder mais uma oportunidade para marcar pontos:
-Tenho trabalhado como o caraças! Para terem uma idéia, nos últimos quinze dias a hora mais cedo que saí foi às oito, a mais tarde já foi no dia seguinte e em dia nenhum cheguei ao trabalho depois das nove da madrugada. Ao que um homem se vê reduzido para ganhar o pão e gin de cada dia!
Agora que penso nisso, tempo útil de trabalho a acrescentar valor não foi por aí além, dado que a maior parte do tempo foi dividido por reuniões, formações (tenho de me lembrar que isto dá para publicar qualquer treta) e até uma auditoria (esta dá pano para mangas, mas tenho de ter tempo para escrever sobre isto porque se não fosse assunto sério era de rebolar a rir. E mesmo sendo sério, que se lixe, fica agendado.) . Trabalhinho a sério, negócio propriamente dito é no intervalo destas coisas, que são o que faz desenvolver a economia! Vou ser o gajo mais preparado, estrategica, formal e tecnicamente para fazer negócio que infelizmente não se vai concretizar por falta de tempo, dado que foi todo gasto na afinação destas competências indispensáveis!
Um destes Sábados tive uma reunião em Lisboa. Naturalmente a reunião começou às dez da manhã, que é muito boa hora para se começar a bulir ao Sábado.
Aliás foi por causa duma destas reuniões que recentemente descobri que o Sábado também tem manhã.
Logicamente cheguei com duas horas de sono e uma de chuveiro, no meu melhor, com o pequeno almoço ainda a saber a gin.
Felizmente acho que a soneca passou por concentração profunda e dado que estavamos para aí quinhentas pessoas e a sala estava pouco iluminada por causa das projecções, não devo ter dado bronca por aí além.
No entanto, não há bela sem senão.
Um consultor (por acaso melhor e mais competente do que a generalidade dos consultores que ao longo dos anos me têm saído na rifa e até com alguma piada, que ainda por cima fala mal a língua de Camões) com quem tinha estado a desenvolver uns trabalhos, pediu-me para ir explanar pessoalmente ao presidente da comissão executiva determinado ponto de vista.
Sabem aquela sensação de serem mandados parar numa operação stop depois de terem bebido um copo e não saberem se vai acusar ou não?
Se não sabem ainda bem. Ou não bebem, (coitados) ou não conduzem (inteligente), ou bebem como desalmados e sabem que vai acusar (logo sem stress) ou têm uma sorte danada. De todo em todo foi a minha sensação, tipo sem pinga de sangue...
E lá fui eu, sem rede e sem tempo para colar um post it na gravata para servir de ponto, que remédio.
Quando o presidente me pediu a opinião demorei a responder, até se deviam ouvir as engrenagens com dificuldade em arrancar (este tipo de coisa é normalmente lido como ponderação) e deviam ver-se os fios que me mantinham de pé.
Lembro-me de ter babulciado qualquer coisa na linguagem do R2D2 ou lá como se chamava aquele robot da guerra das estrelas, mas o que vale é que o presidente domina idiomas (acho que às vezes fala Klingom).
A coisa passou, mas tenho de me lembrar para a próxima de em vésperas destas coisas pedir Bombai que dá melhor despertar.
Quem disse que as reuniões não são úteis? Viver e aprender.
E agora vou-me embora que amanhã tenho formação e tenho de estar no meu melhor!

A PROPÓSITO DO FUTEBOL

Aqueles adeptos de bola mais ou menos da minha idade lembram-se de certeza dos saudosos relatos do Amaro no extinto Quadrante Norte e daquela célebre frase: "Um grande abraço para o meu amigo Manuel do Franganito!"
O sr. Manuel do Franganito, além de sócio do Porto na casa das primeiras dezenas, da particularidade de me tratar sempre por menino mesmo sendo eu um marmanjão com idade para ter juízo, de me convidar sempre para as vindimas na sua quinta de Alpendurada mesmo sabendo que eu nasci com a mola pasmada e incapaz de a vergar, de nunca ter feito queixa aos meus pais por mais indecoroso que fosse o meu comportamento (e por vezes indecoroso era o verdadeiro understatement), de por mais de uma vez ter cortado o gargalo a garrafas daquela aguardente especial porque era essa que me apetecia e as rolhas já estavam degradadas pelo passar do tempo, ainda me ensinou uma valiosa lição de vida que passo a partilhar com os mais desatentos.
Em determinada altura, tinha por hábito jantar ao Sábado no Franganito, onde o Sr. Manuel, havendo futebol, punha uma televisão no balcão. Outros clientes habituais incluiam o Júlio Machado Vaz (Benfiquista) e o Rui Rio (pré presidência da câmara mas já Boavisteiro) e normalmente jantavamos em mesas seguidas, mandando umas bocas sobre o futebol, eu mais novo mas suportado na força moral dada pela provecta idade do Sr. Manuel que nunca se ficava no que dizia respeito a defender o FCP contra ventos e marés.
Isto foi nos inícios da TV Cabo, pré Sport TV, numa altura que o único canal que passava uns filmes mais atrevidotes era a RTL, às Sextas de madrugada.
Um Sábado chego para jantar e o Sr. Manuel, malandreco, pergunta-me:
-"Menino, viu ontem o filme na RTL?"
Respondi que por acaso tinha visto, e ele muito rapidamente atira:
-"Menino, até nuas eram bonitas!"
Ainda avancei:-"Vestidas, quer dizer..."
-"Menino, ainda sei o que digo! As mulheres são mais bonitas vestidas que nuas!"-atirou doutoral, saber de experiência feito.
Ainda hoje penso nisso e quanto mais vejo (também estou longe de ter visto todas, mas faço os possíveis) mais estou convencido que estava carregado de razão.
De certa forma mudou a minha perspectiva da vida e aumentou o meu apreço pela indústria da moda.
Um grande abraço para o meu amigo Manuel do Franganito!

UMA NOVA EXPERIÊNCIA

Apesar de andar curto de tempo, estava agora acabadinho de chegar a casa, sentado no sofá a ouvir o fenomenal último álbum dos Animal Collective, liguei a televisão e está a dar o Braga contra o Standard Liége naquela magnífica competição pela qual o SLB fez uma passagem meteórica, entendendo-se por meteórica o deslumbrar toda a gente à passagem e depos de bater deixar uma cratera de todo o tamanho!
E lembrei-me de uma coisa que queria desabafar há montes de tempo e não tive oportunidade. Também pode ser da idade, mas ocorreu na recta final de um fim de semana de copos em Lisboa, com direito a aniversário do BBC , Lollipop, after hours no Europa e essas coisas todas, que se seguiu a outro fim de semana também em Lisboa para matar saudades do Bairro, da Bica e daquela instituição que já deveria ter sido agraciada com a denominação de utilidade pública e que dá pelo nome de Incógnito, portanto pode ter a ver com a normalização do nível de sangue no alcool.
Já agora, a noite de Lisboa continua a recomendar-se.
Refiro-me ao clássico FCP-SLB, que fui ver à cervejaria Galiza com um amigo, ainda a morrer da noite anterior nos copos e da viagem e no qual o árbitro (sócio do SLB) inventou um penalti a favor do Porto (diga-se que para compensar um anterior que deveria ter marcado e não o fez).
Acto contínuo o meu telemóvel começou a apitar com sms (qual será o plural desta palavra?) de mouraria ressabiada a dizer que nunca tinha sido tão roubada.
Eu pelo contrário já não me lembro de quando foi a primeira vez, de tão novo que era. Se bem me recordo, o FCP atravessava a ponte para ir jogar à capital a perder 1-0, e durante anos foi assim, logo não estranho!
Vá lá rapaziada, uma vez não são vezes! E é sempre bom estarem abertos a novas experiências!
E vejam o lado positivo, se perderem o campeonato por pouco, podem sempre andar os próximos vinte anos a chorar que foram espoliados.