sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O MEU MERCEDES É MAIOR QUE O TEU

Foi recentemente publicado um ranking das escolas cá do nosso oásis sobre sahariano.
Demorei a pegar no tema porque tive uma barrigada de riso que durou dois dias.
Muita tinta poderia correr sobre o assunto, mas como não tenho tempo, coloco duas questões básicas que me intrigam, na esperança que me possam elucidar:
A primeira, é que com base nos critérios usados, a questão coloca-se mais ou menos como um gajo dizer "o meu Ferrari é melhor que o teu Citroen". Bolas, grande novidade. Mas o que também poderia ser dito e não foi, são coisas do género "o meu Citroen é mais barato que o teu Ferrari". "Mas o meu Ferrari anda mais". "Depende, se o teu Ferrari estiver numa estrada de montanha e o meu Citroen na autoestrada, isso não é verdade". Grosso modo, é um ranking que não serve para ponta de corno, é uma questão de facto, baseada num só resultado, sem análise da envolvência e não digo de todos, mas pelo menos de alguns factores determinantes.
É mais ou menos de senso comum que putos cheios de fome em escolas sem aquecimento, depois de uma caminhada de uns kms à chuva não têm tanta facilidade em aprender como os que comeram bem e foram levados ao colégio "state of the art" no mercedes do papá, que lhes pagou as explicações entre a aula de natação e o judo. E os resultados podem não ter nada a ver com a qualidade de ensino, mas isso digo eu que tenho uma tendência vincada para complicar.
Mas o segundo aspecto, realmente hilariante, explicado por uma senhora com aspecto de dona de casa, mas que afinal parece que é a ministra do pelouro, (se calhar acumula e na altura ainda estava com a farda errada), tem a ver com a taxa de sucesso na ordem dos 80% e com a grande melhoria da qualidade do nosso ensino, nomeadamente na língua materna e pasme-se na matemática.
Como se fossemos todos dementes.
Ainda não somos, mas se o ensino continuar por este caminho, já não falta tudo.
Problemas de fundo não se resolvem da noite para o dia. Senão expliquem-me lá este fenómeno:
Os professores estão insatisfeitos com a avaliação e o tempo que vai retirar a actividades académicas, as colocações não permitem estabilizar corpos docentes, as escolas estão a cair de velhas e sem verbas sequer para auxiliares de acção educativa, a violência nas escolas já ultrapassou a dos filmes americanos e já se fala correntemente em reforços policiais para as escolas como se de um Benfica-Porto se tratasse, os pais não têm tempo para acompanhar, quanto mais educar os filhos e por aí fora e os resultados são muito melhores?
Há aqui qualquer coisa que não bate certo, ou sou só eu que acho isso?
Uma mente mal intencionada como a minha poderia sugerir que os exames foram mais ou menos de borla, para as estatísticas ficarem mais arranjadinhas e os meninos não chumbarem tanto, que isto de ter os putos na escola custa uma pipa de arame. Quanto mais depressa se despacharem a ir para o desemprego melhor.
E assim até impressionamos Bruxelas.
O facto de estarmos a criar uma nação sem formação e de analfabetos funcionais a seu tempo se resolverá.
Também que raio de qualificação é que é preciso para trabalhar no Mc Donalds ou no call center de uma operadora telefónica?
Um gajo liga para lá fulo, não resolvem nada e ainda se despedem com um "espero ter resolvido a sua questão e os meus desejos de um resto de bom dia", na voz automática como manda o manual que só deixa um gajo mais a ferver. Só é preciso ter o cuidado de, conforme o turno, trocar o bom dia por tarde ou noite. E isso resolve-se com um post it.
A continuar assim, vou continuar por muitos anos a receber e-mails tão mal escritos que tenho de agarrar no telefone para perguntar à avantesma que raio é que queria dizer com a algarviada, porque mesmo usando toda a imaginação disponível não consegui tirar um pingo de sentido daquela salgalhada. E vou ter que continuar a corrigir contas de merceeiro, porque nem com calculadora os gajos lá vão, ainda não perceberam sequer que fazer 20% de desconto a um valor é o mesmo que multiplicar esse valor por 0,8, quanto mais que a multiplicação é comutativa.
Mas se me servir de consolo, é tudo rapaziada com boas notas nos exames do 12º!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O MÍNIMO DOS MÍNIMOS

Parem tudo!
Desta vez o nosso Engenheiro está carregado de razão!
No fundo prova o adágio que diz que mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia. Mas quando é justo, é justo e desta vez é mais que justo.
Estou a referir-me à actualização do salário mínimo nacional para 2009.
O salário mínimo nacional é uma miséria, mesmo para um país miserável.
O Engenheiro quer aumentá-lo 24 €, para uns míseros 450 €, facto que aqui há dois anos atrás tinha sido acordado em sede de concertação social, com governo, sindicatos, associações patronais e não estou certo se outras máfias.
Trata-se de uma necessidade para evitar que as pessoas que trabalham oito horas por dia, seis dias por semana a troco do salário mínimo (e imaginem como é que se vive com 426 € por mês, isso sim é um desafio à criatividade) entrem no limiar da pobreza, que corresponde, se não me falha a memória a 60% do salário médio.
Não ficava bem na Eurolândia!
Não é que os empresários, esse motor do desenvolvimento sustentado, vieram tentar quebrar o acordo com ameaças de falências e despedimentos em massa, com a desculpa da crise internacional, terramotos, tempestades, apocalipse e outros cenários catastróficos!
Porra, façam as contas a uma PME que tenha dez funcionários a ganhar o salário mínimo (e já tem mais funcionários que a maioria) e vejam o que isso representa em termos anuais.
Menos uma ou duas garrafas de champanhe por mês num bar de alterne de segunda, mas meus amigos, todos temos de apertar o cinto. É a crise! Pelo menos é isso que eu digo à amante.
Mas há coisas que a mesquinhez nacional tem de perceber rapidamente.
Uma delas, e fundamental, é que nunca vamos ter uma economia sustentada na base dos baixos custos de mão de obra.
Qualquer puto de seis anos, desde que tenha um Magalhães com banda larga, já se apercebeu que por aí vamos demorar a conseguir competir com países como a China, se bem que se o miserabilismo continuar, mais dia menos dia também trabalhamos por um prato de arroz.
Esse mesmo puto ranhoso já me sugeriu que se apostasse na qualidade, no design, na formação e motivação dos recursos humanos e quem sabe, num pouco de investigação e desenvolvimento.
Claro que lhe preguei logo uma chapada, que isto são coisas de adultos em que a canalha não tem de meter o nariz.
O que prova que esse adágio da verdade sair da boca das crianças é uma grande treta.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

AUTONOMIAS E OUTRAS PORCARIAS

Parece que a grande novidade da permanente silly season que se vive neste cantinho tem a ver com o estatuto político da região autónoma dos Açores, ou lá como é que se chama o raio da lei.
Pelo que percebi, não prestando grande atenção ao caso, parece que o nosso parlamento aprovou a lei na generalidade por unanimidade.
O presidente da república (e notem que mais uma vez fiz um esforço para não escrever das bananas), achou que a lei lhe retirava poderes (aqui outra novidade, parece que o presidente tem poderes) e devolveu a coisa com um bilhetinho de não obrigado, talvez para a próxima.
A rapaziada do governo e do parlamento lá fez um lifting à coisa e toca a reaprovar e devolver.
Vai daí o presidente pediu a fiscalização ao tribunal constitucional (que é uma instituição composta pelos melhores juízes, mas também se virem bem, de todos os catrapázios de direito a constituição é o mais fininho, portanto também há menos matéria para saber) que detectou oito inconstitucionalidades.
Aqui pergunto-me se a lei terá sido aprovada depois de almoço, porque daqueles deputados todos, pagos naturalmente por nós, ninguém reparou nesse pequeno pormenor. Mas como foi na generalidade, ainda passa.
Não tenho a certez que tenha sido rigorosamente isto que se passou, mas foi mais ou menos o que entendi do que tenho ouvido nos últimos dias na comunicação social.
Também como os Açores ficam lá no fim do mundo, não é muito importante.
Além do mais, a maioria dos gajos nem vão votar, portanto nem eles próprios devem estar minimamente interessados nesta tanga.
E sendo assim, que direi eu?
No entanto, a gigajoga continua e parece que, apesar de nas coisas realmente importantes como combinar as cores das gravatas que vão levar às cerimónias oficiais, o engenheiro e o presidente se entenderem, temos aqui um arrufozinho que até já deu direito a comunicação ao país em horário nobre, com criação de suspense sobre o tema e todos os ingredientes dignos das novelas do Moniz.
Como não gosto de ver os senhores de candeias às avessas, resta-me sugerir uma solução pacífica para que fiquem todos de cara lavada:
Ofereçam a independencia aos Açores!
Eles eram capazes de gostar, nós poupavamos uma pipa de massa em custos de insularidade e os senhores já não precisavam de se zangar por causa disto. Toda a gente ficava a ganhar.
E o melhor de tudo era que podíamos seguir o exemplo para a Madeira, para ver se o Dr. Jardim deixava de dizer mal do continente (para isso estou cá eu) e se sempre se safava sozinho como está sempre a apregoar.
No caso da minha sugestão não ser aceite, agradeço que comecem a legendar os programas da RTP Açores, que eu tenho um bocado de dificuldade com línguas estrangeiras.
O país não sei, mas eu ficava agradecido!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CORREIOS


Sei que o espírito deste blogue não é este!
Na verdade precisava de saber se conseguia carregar um vídeo e andava com esta música na cabeça.
Assim, espero que achem piada. Eu por acaso gosto bastante!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

PÉROLAS DE GESTÃO

Como já estou um bocado com os copos (sim, para quem não me conhece aquilo de já não beber é treta, para quem me conhece não há novidades) e porque estive a aturar um engenheiro que tinha idade para ser meu pai, a discutir um assunto que não tenho a mínima idéia qual seja, verifiquei que em Outubro a minha folha de couve tem muito menos publicações que em Setembro.
Esta sequência pode não fazer muito sentido, mas vão por mim que tem, pelo menos foi assim que ocorreu.
Um homem tem que trabalhar e não tem muito tempo para estas coisas, mas há que fazer um esforço de recuperação.
Tudo isto para explicar duas publicações na mesma noite, mas a verdade é que vou partilhar mais uma. Assim, agradeço que ponham no sumário mais um valioso método de gestão da escola do director que já referi numa publicação anterior.
Curiosamente também ter a ver com um burro, apesar de na maior parte das circunstâncias não ter nada de burrice. É uma questão estatística, que nos permite praticar determinados actos de gestão e manter espaço em disco para o que é realmente importante, nomeadamente gajas, copos e futebol.
Sucede que, sempre que eu tinha um problema daqueles obtusos, ia ter com esse director e relatava o caso, naturalmente sem propor soluções porque se as tivesse não o iria incomodar.
E ele dizia-me: - "Faça assim."
Eu naturalmente, como já tinha analisado as várias possibilidades, perguntava-lhe com alguma inocência: "E isso não vai dar merda?
Ao que ele invariavelmente retorquia: "Até lá, ou morre o burro, ou morre o rei ou morro eu."
Um dia, farto de ouvir a resposta e propostas de solução duvidosas, perguntei-lhe que raio é que aquilo queria dizer.
O que ele me disse foi o seguinte:
-" O rei condenou um fulano à morte. O fulano achou a sentença justa, mas dissse ao rei que tinha muita pena, agora que estava quase a ensinar o seu burro a falar. O rei perguntou quanto tempo é que ele precisava para terminar essa tarefa, ao que o condenado respondeu dois anos. E o rei mandou suspender a execução por dois anos, para ver essa maravilha."
À saída do tribunal, diz um amigo a fulano:
"Ouve lá, tu és louco, nunca vais conseguir ensinar o burro a falar em dois anos!"
Ao que fulano respondeu:
"Até lá ou morre o burro, ou morre o rei, ou morro eu."
Sábias palavras e excelente método que vão por mim, reduz os problemas reais em 90%.

MACACOS ME MORDAM

Em tempos trabalhei numa empresa que tinha um corredor
que se devia a todo o custo evitar.
Como todos os maçaricos, quando entrei para a dita, alguém me apadrinhou e logo no primeiro dia fez-me o precioso aviso:
-"Quando passares naquele corredor, olho vivo e pé ligeiro. Foca-te no que vais fazer e não fales com ninguém sobre qualquer outra coisa, nem que sejam os resultados do futebol!" (e não falemos de coisas tristes.)
Como qualquer maçarico que se preze, não fiz grande caso do saber de experiência feito, devem ser coisas de ressaviados, etc e tal, eu é que sei.
Aprendi à minha custa. Aquilo era a "ala dos calaceiros", que nalgumas empresas toma a designação de unidade de queimados. Grosso modo, é aquela rapaziada que por culpa própria, por ter pisado os calos a quem não devia, por ter entrado num gabinete sem bater e ter visto algo que não devia (para quem não teve recursos humanos na faculdade há carreiras verticais e horizontais e aqui não estou a gozar), ou simplesmente porque teve azar, estava na chamada prateleira.
Reconheciam-se por cheirar a copos logo de manhã, o que os distinguia de pessoas como eu que ainda cheiravam a copos de manhã (a sério, o pequeno almoço deles era um tricofaite, bebida composta por cerveja com martini bebido no tasco em frente) e por geralmente andarem com os mesmos papéis na mão dias a fio, geralmente já amarelos porque era no tempo em que os faxes ainda usavam papel térmico (gozem à vontade mas ainda me lembro do telex).
A questão fulcral é que se entrava no corredor à vontade e saía-se com dois ou três macacos pendurados no ombro (entenda-se problemas para resolver que há partida não nos diziam respeito e normalmente eram bicudos).
Anos mais tarde tenho este exemplo como uma valiosa lição de vida, aprendida às minhas custas por não querer dar ouvidos à experiência.
E lembro-me de uma professora de Ciências da Natureza que tive, que apesar de nunca me ter ensinado nada de monta no capítulo da cadeira, deu-me uma valiosa lição de vida que mais de vinte anos passados ainda recordo.
Ao mandar-me para a rua por mau comportamento, disse-me a seguinte frase, que cada vez faz mais sentido:
-"Sabe, uma pessoa quando nasce, nasce incendiário, mas quando morre, morre bombeiro."
O problema é que só se começa a perceber os mais velhos quando já se é mais velho!
Como dizia o outro, a juventude é desperdiçada nos jovens.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

GIN COM ÁGUA DO LUSO


Pela primeira vez em nem eu sei bem há quantos anos, tirei uns dias de férias sem sair do nosso rectângulozinho.
Em boa hora, cheguei hoje e é capaz de ainda haver esperança para a minha recuperação.
Estou neste sítio magnífico que a foto ilustra, o lindíssimo grande hotel do Luso, da autoria do arquitecto Cassiano Branco, junto à piscina olímpica a escrever estas linhas, a ouvir Postal Service no ipod, a fumar uma cigarrada e com uma garrafa de Frei João 2003 à frente.
A seguir vou ler um bocadinho de " Os contos de Clerkenwell" do Peter Ackroyd, para fazer horas para ver o FCP em frente a um leitãozinho!
Há momentos em que ainda acho que a vida pode ser perfeita.
Já agora, para quem não conhece o Luso, a terra é lindíssima, com jardins fabulosos e uma arquitectura de conto de fadas. Ainda há coisas boas neste nosso cantinho.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

COM QUE ENTÃO CARTÃOZINHO NOVO?


Parece que finalmente se vai massificar a emissão do novo cartão do cidadão, ou lá como se chama o cartãozinho que substitui o bilhete de identidade e mais quatro ou cinco documentos.
Grande idéia!
Claro está que já há para aí uma série de velhos do Restelo (não tem nada a ver com a massa associativa do Belenenses, apesar de já estar bastante envelhecida) a mandar vir que não sei quê da protecção de dados e da confidencialidade e do diabo a quatro.
Como se esses gajos do Marketing já não soubessem tudo o que há para saber... até parece que o nosso banco não conhece os nossos hábitos de compra, o nosso número de contribuinte e com um bocado de sorte aquela facada no matrimónio que não era para se saber, mas quem é que adivinhava que o gerente do banco usava o mesmo hotel?
Há gajos que são tão do contra que até lançaram o brilhante argumento de que se um gajo perde o cartão perde logo meia dúzia de documentos. Isso é que é usar a cabeça! E se esses gajos perderem a cabeça? Não deve fazer-lhes falta por aí além.
Uma vez perdi a carteira e só vos digo que é um biscate para conseguir segundas vias de tudo. Só a quantidade de sítios a que um gajo tem de ir, mais vale ser como o Agostinho da Silva e não ter documentos.
Mas a medida é de louvar, quanto a mim por duas razões fundamentais:
Primeiro, a porra do tamanho do BI, a não ser que se seja do sexo feminino, foi cuidadosamente estudado para não caber em carteira nenhuma. Ainda se se souber qual a fábrica de carteiras de que o gajo que lançou o documento é dono. Só pode ser essa a explicação para aquelas dimensões irritantes.
Segundo, nunca mais me esqueci, uma vez no estrangeiro, de um gajo com quem eu estava nos copos me perguntar que crime é que eu tinha cometido.
Ainda pensei, porra, queres ver que a maré desenterrou os corpos?
Mas não, depois o gajo explicou-me que tinha visto o meu BI e no país dele só marca o dedo quem comete algum crime. E era para aí Iraquiano!
Realmente, sempre que olho para o papel amarelo lembro-me disso. E concordemos que é arcaico, pouco civilizado e que a porra da tinta custa à brava a sair das mãos.
Mas contra isso ninguém manda vir!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

MAGALHÃES, ESSE GRANDE COMPINCHA



Podemos finalmente respirar de alívio.
Agora, todos os problemas da nação estarão resolvidos a curto prazo.
Qualquer questão que se coloque ao nosso primeiro, será resolvida pelo choque tecnológico e pela banda larga para todos!
Desemprego - choque tecnológico! Analfabetismo - internet banda larga! Gravidez indesejada - choque tecnológico! Verrugas - internet banda larga! Crise financeira - choque tecnológico! Sistema nacional de saúde - internet banda larga!
E por aí fora, acho que perceberam a idéia.
Para apoiar a situação, massificou entre a pequenada uma lancheira tecnológica que os pais se apressaram a comprar, porque mesmo que se venha a verificar que não dá para ver umas pequenas descascadas, sempre pode ser usado pelos putos para jogar uns joguitos, que enquanto estão entretidos não chateiam a molécula.
Muito se podia gozar à volta da idéia, como é que a rapaziada que nem escrever direito sabe vai dar ao trambolho diferentes aplicações das acima enunciadas. Mas não tenho tempo nem espaço que chegue para explorar as possibilidades que são quase infinitas.
Há no entanto uma coisa que eu gostava de saber.
Quem foi que serviu de inspiração ao nome da coisa?
Entre outros possíveis, seleccionei alguns candidatos, porque me parecem plausíveis, mas estou aberto a esclarecimentos que possam lançar uma nova luz sobre o assunto.
Temos Fernão Magalhães, português e expoente máximo de uma arte tão portuguesa que é fartar-se de andar às voltas para acabar no mesmo sítio, que poderia ser uma justa inspiração, por razões óbvias. Para chegar ao mesmo sítio, mais valia estar quieto.
Temos José Magalhães, ex-deputado do PCP e actual do PS, que foi a primeira pessoa a verdadeiramente ter a idéia peregrina de resolver os problemas do país com o acesso à internet, e também um dos pioneiros da mudança (de partido pelo menos), constituindo um exemplo de versatilidade que também se quer atributo do computadorzito, pelo que também pode estar legitimamente na origem do baptizado.
Temos ainda o Jaime Magalhães, mas desse só vou ter a certeza se a coisa funcionar, porque era um grande médio e com ele o FCP funcionava (na verdade também funcionava sem ele, mas era um grande jogador). E tenho a impressão que o computador é abaixo de médio, portanto este não deve ser...
Finalmente a minha aposta vai para o Sr. Magalhães da mercearia da esquina, porque para além de ser uma pessoa cheia de idéias, inovador, trocou o papel e lápis por uma registadora antes de ser obrigatório, com evidentes ganhos de rapidez e óbvias perdas de lucro porque o fisco passou a controlar mais facilmente. E isso de fisco parece que tem alguma coisa a ver com o fabricante da maquineta, pelo menos foi o que ouvi dizer, se bem que não percebi exactamente do que se tratava. Mas não pode ser coincidência.
De qualquer das formas tiro o chapéu ao governo (ou tiraria se usasse chapéu). Finalmente percebi a lógica subjacente a isto tudo.
Se toda a gente viver no mundo virtual, podemos criar um país virtual, onde virtualmente tudo funcione bem.
Realmente, não me tinha lembrado disso, mas virtualmente é uma idéia!
E se a coisa não pegar, sempre podemos despachar computadores usados para a Venezuela, que parece que o Sr. de lá dá petróleo à troca.
E isso sim, resolveria alguns problemas do país real.

FESTA DA MAGUI SEGUNDA EDIÇÃO


Estive na primeira e estava animadíssima!
Tanto que apesar do aniversário da Magui só ocorrer uma vez por ano, (outras senhoras há que fazem anos de dois em dois anos ou até com maiores intervalos), decidiram reeditar a festa todos os meses!
O que é preciso é motivo, e todos os motivos são bons para festejar.
A música é boa, o pessoal é porreiro, o espaço é giro e, vantagem das vantagens, pode-se fumar.
O que liga sempre bem com copos!
E é sempre uma festa!
E o flyer desta edição também está giríssimo!
E quanto mais gente melhor, portanto vejam se aparecem!

sábado, 11 de outubro de 2008

QUEREMOS UM PAÍS NOVO

Um dos problemas do Sr. Eng. é que temos de ter cuidado com a forma de dizer as coisas.
Alguém lhe deveria explicar que quando se diz queremos um país novo estamos a falar do mesmo país (este quintalzinho) só que melhor um bocadinho.
Mas pronto, prometeu-nos um país novo e cumpriu.
Sempre na vanguarda, apressou-se a reconhecer o Kosovo.
Nunca estive no Kosovo, pela simples razão que o Kosovo não existe. Seria um bocado como perguntar a um Australiano se já esteve em Portugal e ele dizer que não, mas esteve no Minho. Não faz grande sentido. Ainda se fosse no Algarve, podia entender, que a língua é outra.
Já estive na Sérvia e posso dizer-vos que os Sérvios são um povo espectacular. Agradáveis, disponíveis, educados, hospitaleiros (até com americanos que lhes bombardearam a capital há pouco tempo, o que demonstra um grande sentido de humor) mas muito cientes da sua cultura e da nacionalidade (já agora, as catraias também são muito giras). O Kosovo é o berço da nacionalidade sérvia. E eles já andaram à porrada por menos e acreditem que não são de capinar sentados. Não é por acaso que aquela zona é conhecida pelo caldeirão dos Balcãs, é porque ferve. E ao contrário do que tentam fazer passar por estes lados, os nacionalistas não são uma minoria, são uma quase unanimidade.
Para perceberem o que eu quero dizer, vamos supor que em Guimarães, de um momento para o outro, abrem montes de lojas de chineses. Três gerações depois, a população de Guimarães é 80% chinesa e resolve unilateralmente lançar a república de Guimarães. Ridículo, não é? Agora que a Sérvia tinha direito a reconhecê-la, tinha com certeza. Amor com amor se paga!
Pois foi mais ou menos o que aconteceu com o Kosovo, só que com Albaneses. Com a agravante que o Kosovo não tem condições históricas, geográficas, económicas e políticas para ser um país.
Historicamente faria muito mais sentido reconhecer a Irlanda do Norte, a Córsega, a Catalunha, a Euskadi e até a Galiza. Reparem que os Espanhóis não são parvos e vejam lá se eles reconheceram fosse o que fosse! Têm de tomar conta do quintal deles! Já meteram o pé na argola com a cimeira das Lages e aprenderam a nunca mais alinhar connosco.
Porra, por este andar nunca mais tenho um atlas actualizado. Em 1995, em Praga, no sítio onde estava hospedado tinham um mapa político afixado com um letreiro a dizer: " Pedimos desculpa se está desactualizado, mas estão a aparecer países mais rapidamente do que conseguimos fazer mapas". Na altura compreendia-se, havia uma razão válida para reverter a geografia política artificial gerada pelo pós segunda guerra mundial e pela guerra fria subsequente.
Agora não faz sentido. Ainda criam outra faixa de Gaza na Europa Central.
O Eng. devia ter presente isto que acabei de dizer, para além de que temos soldados na K-force (porquê também não faço ideia) que estão sujeitos a ter problemas e que este reconhecimento extemporâneo pode vir a legitimar outros ainda mais absurdos.
Além do mais, por este andar, com tantos países na Europa ainda vamos ter que passar a periodicidade dos Europeus de futebol para oito anos, porque só para as qualificações vão ser precisas duas gerações de jogadores.
Estou-me a lembrar que como paga o Kosovo podia reconhecer o curso do Sr. Engenheiro.
Afinal, reconhecimento com reconhecimento se paga!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

TENHO DE MUDAR DE VIDA

Modéstia à parte, sou uma pessoa, com uma cultura acima da média, uma conversa agradável e algum sentido de humor, fruto de uma esmerada educação que os meus progenitores se esforçaram por me incutir, à custa de muitos sacrifícios pessoais e esporadicamente dumas galhetas.
No fundo era um beto em projecto, mas qualquer falha de execução ao longo da obra fez com que o resultado final divergisse do esperado. Ainda bem. O meu muito obrigado às influências desviantes que tive ao longo da vida.
É certo que não sou uma beleza estonteante (longe disso) e tenho os meus defeitos como toda a gente (até mais que muitas pessoas, se for completamente honesto), mas isso não vem ao caso em apreço, é só para os comentadores reduzirem o nível das alfinetadas (não se pode dar totalmente o flanco e nunca se pode dar a rectaguarda, já dizia o Sun Tzu na arte da guerra).
Toda esta treta para chegar ao que me fez começar a escrever. Tenho de mudar de emprego! Não é que não goste do que faça (na verdade tem altos e baixos como tudo), que esteja mal pago (provavelmente para o número de horas que trabalho até estou, mas não me posso queixar), que saiba fazer outra coisa (já faço isto há tantos anos que até já faço bem) ou que esteja fácil arranjar emprego (e lá voltamos nós à crise).
O que se passa é que ultimamente, sempre que conheço uma rapariga, entre dois copos, temos normalmente uma conversa agradável. O problema é que, inevitavelmente a conversa chega à sacramental pergunta "O que é que fazes na vida?"
É nesse momento que gostava de saber mentir de forma convincente. Bolas para a educação que me deram que me coloca em desvantagem competitiva.
A partir desse momento, independentemente de idade, raça ou credo, sei que a conversa está terminada. A sério, já começo a ser eu a dizer logo "Foi um prazer, vemo-nos por aí."
Ou então é alguma perturbação atmosférica que faz com que quando eu digo que trabalho em seguros a interlocutora perceba qualquer coisa do género "embalsamo cadáveres na morgue" ou "abato gado bovino no matadouro municipal" (sem desprimor por essas profssões que são absolutamente necessárias, mas na minha perspectiva essas sim assustadoras)!
O que é certo e comprovado, e por favor experimentem quando estiverem no meio de uma conversa aborrecida com uma rapariga que tenham acabado de conhecer e de quem não estejam a gostar nem um bocadinho, é que para matar uma conversa basta fazer a sacramental pergunta. Junto com a resposta vem sempre um "E tu?".
É a vossa oportunidade. Aproveitem!
É que nem sempre funciona contra nós.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

CRISE DE NERVOS

Não tenho nada a ver com a crise do sistema financeiro mundial!
Nem é nada comigo, não fui eu que a provoquei, (embora espere que não me faça perder o emprego e o pouco dinheiro que tenho), mas há coisas que me fazem confusão.
Na verdade, um amigo mandou-me hoje uma história brasileira via e-mail que mais ou menos explica a crise de uma forma simplista mas verdadeira na essência, que tomo a liberdade de reproduzir:
O Sr. Zeca tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça fiada 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Zeca, um ousado administrador formado com curso de mba, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pendura dos pinguços como garantia.
Uns seis executivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acronimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Zeca vai à falência.
E toda a cadeia faliu !... muito simples...!!!
Isto explicado, há algumas coisas que mais do que a crise propriamente dita, me tiram do sério.
A primeira é que ainda não percebi que raio é que fazem as autoridades de supervisão, que não aprenderam nada com falências como as do Barings e, casa roubada trancas à porta, vêm agora alertar para a crise que atravessamos, coçando a cabeça como um puto de três anos quando um ilusionista tira um coelho da cartola, ainda sem terem a mínima noção de como é que aquilo aconteceu.
A segunda é que os governos, para tentarem evitar uma corrida aos bancos, afirmam em praça pública garantir os depósitos, não se sabe bem como, com que recursos, nem em que termos (tinha a idéia que o Estado somos todos nós, mas devo estar mais uma vez equivocado), quando se começa a ver os próprios estados como é o caso da Islândia, há poucos meses um dos mais ricos do mundo, prestes a declarar bancarrota.
A terceira é que ninguém é responsabilizado pelo sucedido, sendo que ao que agora se sabe, alguns administradores de bancos já falidos à altura se remuneraram com a mesma sofreguidão que um náufrago do deserto bebe ao encontrar um oásis ao fim de três dias sem pinga de água.
E mais giro ainda, quando inquiridos sobre a situação, dizem que não tinham forma de a prever. Porra, se administradores não têm, proponho para CEO o bruxo de Fafe e para vogal a Maya, que apesar de tudo sempre podem lançar as cartas e de certeza não se enganam por muito mais. E não são tão bem pagos...
Ainda outra coisa que me custa a entender é que todos os grandes arautos do liberalismo económico são os que agora clamam pela intervenção do Estado para deitar a mão. Bolas, então o que é que aconteceu ao livre funcionamento do mercado e ao Estado não ser um operador legítimo por distorcer a realidade da oferta e da procura? A febre das privatizações passou à das nacionalizações? Os lucros são meus enquanto investidor mas os riscos são do Estado? Grande negócio, não há dúvida, assim também quero!

domingo, 5 de outubro de 2008

O MUNDO FICOU MAIS TRISTE

Na sexta-feira faleceu Dinis Machado.
Escritor, jornalista, poeta, crítico de cinema, homem de letras de uma forma geral, foi autor, entre muitas outras coisas, de "O QUE DIZ MOLERO".
Tenho consciência que não li todos os livros de autores portugueses, longe disso, mas é para mim o melhor livro português de todos os que li.
Nas palavras de António Mega Ferreira "Aos homens de palavras (os que delas vivem e por elas comunicam) O QUE DIZ MOLERO soa como música".
Verdade pura. Tenho aconselhado o livro a muita gente que o tem lido e ainda não houve ninguém que não tivesse delirado com a criatividade e o ritmo da escrita.
Foi-se o homem, ficam as palavras.
Mas ainda assim fiquei triste.
""Acho que todas as pessoas são mais ou menos infelizes", disse subitamente Mister DeLuxe, "mas os artistas são infelizes de outra maneira, talvez de uma maneira dramaticamente infeliz". "Isso é muito agudo, Mister DeLuxe" disse Austin com um olhar brilhante, "a isso apetece-me mesmo chamar uma definição"." Dinis Machado in O QUE DIZ MOLERO.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O BURRO DO INGLÊS

Bom, mais uma vez aperta a crise e as empresas, como reacção pavloviana qual cão a salivar ao toque da campainha, começam a reduzir pessoal.
Paradoxalmente, aumentam os objectivos, porque é preciso vencer a crise, a produtividade per capita é muito baixa, é preciso reduzir custos para aumentar os lucros já que a crise não permite que a realidade de mercado acompanhe a projecção orçamental, está em risco a sobrevivência da empresa, todos temos de fazer esforços adicionais, o accionista espera ver remunerado o capital investido e essas tretas que ciclicamente todos nós já ouvimos ou pelas quais já passamos, patati patata, reubéubéu pardais ao ninho.
A esse propósito, lembro-me sempre de um director que tive numa empresa onde em tempos trabalhei, que me deu lições de gestão mais valiosas do que alguma vez tive na faculdade.
Uma delas foi durante uma reunião de apresentação das conclusões de um grupo de trabalho sobre a redução de custos e as medidas a implementar nesse sentido.
A cada medida que a consultora apresentava, o sr. interrompia com a seguinte pergunta:
-" Dra., conhece a história do burro do Inglês?"
A sra. foi fazendo de conta, até que visivelmente irritada, disparou:
-" Conte lá a história do burro para podermos continuar, se não se importa!"
E ele contou.
-"Havia um Inglês que tinha um burro que trabalhava de sol a sol.
Mas como após o trabalho estava esfaimado, comia bastante, o que fazia com que o Inglês não obtivesse os lucros que pretendia, devido aos custos da ração.
Então, para subir os lucros, resolveu ir cortando progressivamente a quantidade de ração.
Não quer a dra. saber que quando se tinha habituado a deixar de comer é que resolveu morrer?"
Escusado será dizer que a reunião nunca mais foi a mesma.
E mantendo-me no reino animal, se a coisa continua assim, por este andar estamos todos a chicotear um cavalo morto!