terça-feira, 30 de dezembro de 2008

UM ÓPTIMO 2009

Parece um cliché mas é verdade!
Maldito fecho do ano que nem me dá tempo para respirar!
No entanto, não queria deixar de desejar a todos um óptimo 2009, que com crise ou sem crise seja muito melhor que o ano que agora finda!
Chamo a atenção para o facto desta publicação substituir aqueles sms de boas festas irritantes, 99% dos quais circunstanciais, que enervam ao mandar e ainda mais ao receber porque, noblesse oblige, somos forçados a responder a pessoas que provavelmente nos mandaram a mensagem pela mesma razão que nós mandamos (na verdade porque se vulgarizou e parece mal se não enviarmos, mas por outro lado não estamos na disposição de falar com essas pessoas).
Chamem-me oportunista, mas este ano se alguém reclamar que não recebeu os meus votos de bom ano, é porque não leu o meu blogue e sendo assim também não merecia!
É o que vulgarmente se designa por win-win situation!
Aproveito para reiterar que quando quero falar com alguém, apareço ou telefono e espero que as pessoas façam o mesmo em relação a mim.
Dito isto, BOM ANO NOVO!!!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

AVISO À NAVEGAÇÃO

Neste abençoado mês de Dezembro, em que os feriados caíram que nem ginjas, e dado que a vida não é só bulir, se bem que a época se enquadre mais com a Opus Dei, tenho aproveitado para a copos night!
Tem sido um fartote de jantares com amigos e de idas aqui e ali beber um copo (ou mais), divertimento, concertos, festas e como se costuma dizer, curtir de uma forma geral!
No entanto, face à experiência que tenho adquirido na noite desta Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, estou em posição de formular um ditado testado pela insistência, estatísticamente comprovado com recurso a uma amostra significativa e com um grau de certeza de 95%:
-EVITEM SÍTIOS COM BOLAS DE ESPELHO CENTRAIS PORQUE GERALMENTE NÃO TÊM PONTA POR ONDE SE LHES PEGUE!
E como corolário ao teorema, SE ACUMULAREM COM ALCATIFA NO CHÃO, FUJAM A SETE PÉS!
Nesses sítios normalmente a fauna masculina (ou será a flora, nalguns casos, face ao estado vegetativo, hesito) reconhece-se por usar camisas com um animal no peito, seja um crocodilo ou o ultimamente mais visto cavalinho com um gajo em cima, normalmente de cor branca, e pelos chinos a morrerem em cima do sapatinho de vela castanho. As fêmeas normalmente condizem, sendo que são apesar de tudo bem melhores e esporadicamente (muito esporadicamente) aparece um especimen que justifica a ida!
O preço das bebidas normalmente também está entre o ultrajante e o assalto à mão armada.
Estão, naturalmente, por vossa conta, mas prestem atenção e vão tomando mentalmente nota e depois vejam se não tenho razão!

INTELIGENTES ESTES PUBLICITÁRIOS

Chegando o Natal, chegam as edições em dvd over priced das séries que podemos ver gratuitamente na televisão mas que acabamos por não ver, seja porque estamos a trabalhar (pontos pela dedicação), a escrever num blogue (não tem sido muito o meu caso, mas marco pontos pela intenção), ou porque passam no turno do cemitério e só podem ser seguidas pelos profissionais da Prossegur e congéneres.
Ora, como fã que sou de algumas séries, lá tive de gastar uma pipa de massa na segunda série do Heroes (sempre fantástica) e na quarta do House (sempre auto-imune ou lúpus, o que quer que isso seja)!
Mas vou deixar de comprar e passar a piratear, não tanto pelo dinheiro mas pela estupidez de quem edita as rodelinhas de plástico que é de molde a dar cabo da paciência a um santo!
Todos os DVD abrem com um spot que não permite avançar, obrigando-nos a gramá-lo na totalidade, do género "você nunca roubaria um carro" e paradoxalmente aparece a imagem dum gajo a fanar um carro (inteligente), "você nunca roubaria uma carteira" e lá vem a imagem do gajo a dar a palmada à carteira (criatividade pura) e por aí fora para concluir que o download não autorizado é ilegal (conclusão digna de Einstein no seu melhor).
E mais uma vez, suprema ironia e noção perfeita de segmento alvo, os gajos que são obrigados a gramar esta pérola são exactamente os que COMPRARAM A PORRA DO DVD.
Mais um estímulo à pirataria, que além de ser mais barata, não é tão imbecil e não nos faz perder tempo que se tívessemos disponível, teríamos visto a série na televisão quando da emissão em canal aberto!

BOAS FESTAS (PELO CORPO TODO)

Correndo o risco de me tornar repetitivo, não tenho tido tempo para publicar népia, apesar de não me faltarem asneiras para escrever!
No entanto, e apesar do meu ateísmo, graças a Deus (reparem que mesmo os ateus escrevem Deus com maíusculas), não queria deixar de desejar a todos um bom Natal (cá está outra vez) e umas festas felizes.
Áqueles que me mandaram e-mails de boas festas que eu apaguei sem ler porque me estavam a bloquear a caixa de correio (alguns até me telefonaram indignados), quero desde já apresentar as minhas desculpas e informar que, como pessoa educada que sou, está implícito que os votos são recíprocos, pelo que, va sans dire, a resposta é redundante. E já agora, há e-mails a desejar boas festas que pesam menos de 5 megabytes!
E se faziam mesmo questão, tivessem telefonado a desejar boas festas em vez de reclamar do apagar o e-mail!
Por falar nisso, um destes dias tenho de ver como é que se tira a porra da confirmação de leitura que só serve para arranjar engulhos.
Nem tive tempo de fazer a porra do pinheiro (5 pontos na vertente ecológica, -5 na da tradição), como aliás aconteceu nos últimos anos. (Para aqueles que advogam o pinheiro de plástico, é contra os meus princípios estimular a economia chinesa).
Mas, considerandos à parte, votos sinceros de festas felizes e já agora, de um próximo ano, no mínimo, melhor que este!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

UMA BODA AOS RICOS

Porra, tenho mesmo que ir trabalhar, mas este país é uma tentação.
A ver se alguém me ajuda a perceber esta coisa do Banco Privado Português, que a idéia que eu tenho da coisa não pode estar certa.
Ora vejamos, o dito banco não é comercial, é de investimento, certo?
Só tem a ver com investimento financeiro puro, gestão de fortunas, certo?
Não tem nada a ver com a economia real, certo?
Só pessoas com o que vulgarmente se designa por montes de arame é que eram clientes, certo?
Os gajos investiram mal o guito e os investimentos deram o berro, certo?
Isso é um risco associado à perspectiva do rendimento elevado, certo?
Outros bancos vão emprestar uns cobres para tapar o buraco, certo?
O governo vai dar o aval ao empréstimo em caso de incumprimento, certo?
Sou só eu, ou mais alguém acha que qualquer coisa aqui não está certa?
Se esta treta grosso modo for verdade, tenho de dar razão áquele moço Bernardino não sei quantas do PCP (sim, aquele que falou da grande democracia da Coreia do Norte, mas até um relógio parado está certo duas vezes ao dia), que classificou esta situação como uma boda aos ricos!
Uma coisa tenho a certeza, se fosse comigo bem me lixava.
Acho que esse pessoal das fortunas, depois desta, só devia estar autorizado a abrir contas caderneta sem sequer cartão multibanco. É que por este andar, se o governo paga, deixa arriscar outra vez.
Assim até eu!
Bom, vou mas é trabalhar que a mim o governo não me financia nadinha!

HÁ COISAS DO DEMO

Realmente tenho descurado este blogue para lá do admissível, mas a verdade é que escrevo estas linhas enquanto ganho lanço para trabalhar mais um bocado. Lamentavelmente é verdade, e as minhas chefias nem sequer conhecem o blogue, portanto vejam lá a minha vida por estes dias.
No entanto, hoje houve uma greve de professores, o que só por si não é grande novidade, mas teve um ou dois desenvolvimentos que vi no telejornal que não resisto a comentar.
Desde já devo avisar que não suporto a ministra da educação (imagino-a sempre como aquela vizinha chata que passa a vida a fazer crochet de avental e a falar da vida alheia), portanto nem que tivesse razão (e honestamente acho que não tem) eu lha dava.
Uma das coisas que me chamou a atenção foi a adesão. O governo divulgou 61% e os sindicatos 94%. Como não quero ser preconceituoso apontava para a semi-soma e diria 77,5%. É preciso que se diga que o governo deu ordem para não fecharem as escolas e mesmo assim 30% fecharam. Assim, é natural que o governo não esteja a considerar essas porque não deve ter conseguido recolher os números.
E já agora, esta greve não foi nem à Sexta, nem à Segunda, portanto não venham com a tanga do costume que foi para aproveitar o fim de semana. Esta foi mesmo porque quiseram fazer greve.
Mas já nada me espanta, porque hoje ouvi um discurso do Engenheiro que quase me convenceu que a baixa do preço do petróleo e das taxas de juro se ficou a dever à sua superior intervenção. Concordemos que lata não lhe falta!
Mas o melhor mesmo do telejornal são as reacções dos encarregados de educação, com pérolas do género: - "Eu até sou a favor da greve, mas deveria ser de forma a não causar transtorno às pessoas."
Ora porra, a idéia é mesmo essa, senão a greve não servia para nada. Já nem os japoneses embarcam na tanga de continuar a bulir com a braçadeira de protesto.
Queriam o quê, greve ao Domingo?
Porra, até se pode dar educação mas quanto à inteligência é que estou convencido que já não há nada a fazer.
Já agora, nos meus tempos de estudante adorava umas grevezinhas de professores, abençoados sejam, e não me parece que tenham prejudicado por aí além o meu percurso académico.
Vejam lá que ainda me lembro do anfioxo!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

CONDUZIDO POR MIM, GUIADO POR DEUS

Hoje no telejornal vi uma notícia que dava nota de um padre que foi condenado a pagar 300 e tal euros por desobediência à GNR, que ao que parece é autoridade, não parando à ordem dos agentes.
Essas coisas do poder espiritual e do poder temporal sempre me baralharam, mas o que me fez rebolar a rir foi a argumentação da advogada de defesa.
Dizia a senhora (também é um papel ingrato o dos advogados, têm sempre de dizer qualquer coisinha por muito estapafúrdia que seja, ninguém lhes ia pagar para estarem calados, se bem que agora que penso nisso, nalguns casos era bem capaz de dar algum para fecharem a boca) que o senhor padre ia atrasado para celebrar missa e considerou que o seu dever para com os fiéis era superior ao seu dever para com a autoridade, pelo que optou por seguir viagem.
Se a argumentação pegasse, nunca mais eu parava a sinal da autoridade porque considero que o meu dever para com os clientes/colegas/gajas/gajos/animais de estimação/ entidades com quem vou reunir e em relação às quais normalmente estou atrasado, é superior ao meu dever com a autoridade.
É caso para dizer valha-nos Deus!

O DESIGNER ERA DISLÉXICO

Só queria dizer uma coisa muito rapidamente.
Se o senhor que fez este logotipo que as finanças escarrapacharam por todo o lado, nalguns casos em tamanho jumbo a cobrir toda a fachada de um prédio, facturou o trabalho ao ministério, espero que a factura seja devolvida por liquidar.
É que face ao teor do texto, (nalguns casos também aparece "facturar faz o país avançar") é por demais óbvio que o senhor se enganou no dedo.
Sem margem para dúvidas, o dedo que devia estar levantado era o do meio!

FESTA DA MAGUI III

Não vou estar sempre a bater na mesma tecla!
Apareçam e vejam!
E o flyer continua giríssimo!
Já agora também estou para ver quantas variações sobre o tema Margaridas é que os designers vão conseguir!
Sempre de bom gosto!

PORRA, UM HOMEM TEM DE GANHAR A VIDA

Hoje fui acusado, curiosamente por mais do que uma pessoa, de ser um grandessíssimo calaceiro no que respeita ao meu blogue que tem menos publicações este mês do que gajos sérios há na política, se bem que por uma unha negra.
Acontece que um homem tem de ganhar a vida e os dois últimos meses do ano são negros na minha actividade (há gajos que trabalham 24 horas por dia mais 12 por noite). Não é o meu caso, mas já estive mais longe.
Assim, não sobra muito tempo para as coisas realmente importantes (copos, gajas e futebol), mas que é que querem, a vida não é um mar de rosas.
E se não tenho tempo para isso, então para escrever é que nem pensar!
Para terem uma idéia, na passada Sexta feira, acordei às 05h30m da manhã (não é erro, não me deitei, acordei), para ir de camioneta (isso mesmo, tipo carreira só que com pessoal conhecido) para a Covilhã, onde ao abrigo de um programa de responsabilidade social da empresa onde trabalho, ajudei a pintar e a fazer melhoramentos numa casa de acolhimento de crianças desfavorecidas.
Apesar de não ter sido para isso que me alistei, até deu um certo gozo, tirando a parte da hora de despertar, as três horas para cada lado de carreira, o frio de rachar da terrinha e o facto de ter regressado à invicta à meia-noite tão exausto que nem jantei, fui direitinho para a cama.
O facto de ter duas mãos esquerdas e trabalhar com a direita, de ficar derreado das costas e pior da constipação foi largamente compensado pela alegria das crianças ao ver a obra feita e pelo facto de contra todas as probabilidades não ter malhado duma escada abaixo e dado com a mona no cimento.
Mas o facto de não ter publicações que se vejam tem também a ver com a nacional mania do adianço, do muito me vou preocupar amanhã.
Querem exemplo melhor do que o "paramos na próxima"?
Quando vinhamos da Covilhã, havia naturalmente pessoal que estava à rasca para ir à casa de banho. Pois acreditam-se que os gajos, "para não parar já, seguimos até à próxima". E chegando à próxima, "não acham que dá para aguentar mais 40 km que já agora paramos mais perto"?
Bolas, alguém me explica a lógica disto?
Tive um colega que mal paramos, foi logo ao lado da viatura de tão aflito que estava.
Mas é da natureza tuga, portanto estamos perdoados.
E como dizem os políticos, prometo que vou recuperar!


terça-feira, 11 de novembro de 2008

HAJA PACHORRA

Ultimamente instalou-se neste país a mania das reuniões.
Por tudo e por nada, ele é briefings, ele é meetings, ele é almoços de trabalho, grupos de projecto e por este andar pow how à índio, com direito a cachimbo da paz e tudo!
A juntar às centenas de e-mails que um gajo recebe, normalmente para preencher ficheiros ou discutir o sexo dos anjos, a produtividade cá no burgo tem mesmo de andar pelas ruas da amargura...é que por cada gajo que trabalha, há sempre dois a controlar o que ele faz e depois de tanto trabalho a planear e justificar, não sobra tempo para fazer nada que se aproveite.
Não é que eu tenha nada contra as reuniões, até me lembro de uma altura em que eram raras e pasme-se, produtivas!
As pessoas colocavam problemas e dificuldades, apresentavam-se propostas de solução, dotavam-se dos recursos necessários e as coisas, de uma forma geral resolviam-se. Mas isso era no tempo em que os animais falavam...
Esse modelo, infelizmente, esgotou-se. Talvez tenha sido porque há necessidade de ocupar um exército de assessores, consultores, grupos de projecto e outra rapaziada cuja utilidade, de uma forma geral e salvo raras excepções, me escapa completamente.
O modelo actual é o que eu baptizei de modelo Gabriel Alves. No fundo, as reuniões de uma forma geral servem para fazer o relato, ou seja, constatar factos, normalmente consumados e para fazer a conferência de imprensa final, com direito a flash interview (normalmente as partes interessadas têm direito a trinta segundos de tempo de antena). Ninguém aponta soluções e normalmente dizem-se mais disparates que o Gabriel Alves durante um relato (sim, é incrível mas é possível).
Infelizmente, têm tendência a durar tanto como um jogo, com intervalos, prolongamento e desempate por penalidades. E como essa seita dos fatinhos engomados acha que fumar um cigarro é um pecado mortal, um gajo ainda por cima tem de se aguentar sem intervalos e não pode parecer que estamos nervosos, senão somos fortes candidatos à próxima auditoria.
Gostava de dizer mais qualquer coisinha mas tenho de ir para uma reunião fazer um balanço dos resultados, que em grande parte não consegui por passar muito tempo em reuniões.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

UM PEDIDO AOS ARQUITECTOS

Somos indiscutivelmente um país de grandes arquitectos, e não falo só dos Siza, dos Souto Moura, Soutinhos e quejandos.
É geral, bolas, nalguma coisa tinhamos de ser bons.
Além do mais os arquitectos têm a vantagem de geralmente se limitarem ao que sabem fazer e não se meterem a tentar governar o país, o que só por si já é uma coisa boa.
Segundo percebo, têm como objectivo desenhar espaços bonitos, agradáveis e funcionais. Até aqui tudo bem, apesar de por vezes, com a guita dos outros, parecerem ricos.
Sabem aquelas experiências pelas quais quem já recorreu aos serviços de um arquitecto provavelmente já passou, do género:
-"Tijoleira? Nem pensar, tem de ser granito polido (podem substituir por mármore italiana, ouro, platina ou outro material astronomicamente caro) senão compromete toda a integridade do projecto!"
-"Porra, mas é para pisar e sujar e há uma tijoleira que visualmente é igual e muito mais barata!"
-"Parece-lhe, mas ou isso ou mais vale nem fazer nada!"
Percebem a idéia, nem vou por aí.
A minha questão prende-se com um pequeno pormenor que raramente se vê e cuja culpa deve ser do engenheiro (ultimamente muitas coisas são), mas que diabo, movam o mesmo tipo de influência que usam com o cliente na escolha dos materiais. Os arquitectos devem ter uma função pedagógica.
Em primeira análise até tem a ver com o comportamento reflexo das pessoas, mas que diabo, integrem a arte na realidade do dia a dia.
Tudo isto para dizer o seguinte:
Ponham a porra dos interruptores das casas de banho DENTRO das casas de banho.
É que o pessoal não bate à porta. Primeiro mexe no interruptor, depois gira a maçaneta e ao constatar que a porta está trancada, vai-se embora.
Deve ser uma cena da natureza humana, como a mulher não largar o telefone e o homem o comando da tv.
Nada me irrita mais do que ficar às escuras na casa de banho! É desagradável e perfeitamente evitável. E por vezes não é nada fácil.
Nem que ponham um interruptor dentro e outro fora (pelo que me lembro dos meus estudos electrotécnicos, o tipo de ligação chama-se comutação de escada)!
Ficaria muito agradecido e estou convencido que não era isso que faria disparar os custos!

DÉFICE DEMOCRÁTICO? NÁ...

Déficite democrático?
Já chegamos à Madeira ?
Estou confuso.
Por um lado, deve haver democracia lá no Jardinistão, senão alguém me explique como raio caberia na cabeça de um grilo tinhoso eleger um deputado do PND. Não lembra ao mais pintado!
Mas também não lembra ao diabo eleger o mesmo tipo tantas vezes seguidas (porra, nem que fosse para variar um bocado) e parece que o Jardim pelo andar da carruagem, vai ser coroado rei mais dia menos dia.
Por outro lado, não me parece muito democrático impedir a entrada no parlamento a um deputado eleito pelo povo (por muito que o povo estivesse enganado), só porque os outros deputados assim decidiram.
Como digo, estou confuso!
E o que me preocupa é que se a moda pega, o Engenheiro ainda se lembra de votar no parlamento a exclusão da oposição com um pretexto qualquer, sei lá, falta de interesse geral ou devido ao mau tempo, ou porque o pequeno almoço lhe caiu mal...
É certo que lá o moço exibiu uma bandeira nazi, símbolo do qual não gosto. Mas também é certo para quem assistiu à peixeirada, que o fez com uma conotação negativa, para ilustrar uma opinião e não para propagandear a ideologia, o que me parece, apesar de parvo, legítimo.
E se um deputado, ou já agora um gajo qualquer neste país, não pode ter idéias próprias, por absurdas que possam ser, está o caldo entornado.
Por este andar, mais dia menos dia fecham-me aqui o pasquim!
E não gostava nada disso...
Se calhar mais vale dar a independência ao Jardinistão, não vá a moda pegar aqui no cantinho!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

LAR DOCE LAR

Quem me conhece, sabe que no que toca a tarefas domésticas sou uma nulidade, além de um grande calaceiro.
Como a maioria dos gajos solteiros da minha idade, tenho alguma dificuldade em perceber a utilidade de determinados móveis, dado que existe o chão para atirar as coisas. E assim ficam à vista e não temos de perder muito tempo a procurá-las da próxima vez que precisarmos.
Para terem uma noção, e isto é rigorosamente verdade, comprei um fogão há anos que evidentemente não faço idéia como se usa (na realidade dentro do forno ainda estão as garantias, instruções e os pés que os gajos que entregaram esqueceram-se de montar), mas era importante para não ficar com um buraco na cozinha.
Como tal, tenho a melhor invenção de todos os tempos. Uma mulher a dias!
A senhora não limpa grande coisa, mas gosta de tratar do jardim, o que sempre vai sendo alguma coisinha. Lava-me a louça do fim de semana, que nunca chega para uma máquina portanto aguarda na banca a sua vez de ser lavada, faz-me a cama de lavado e dá uma limpadela por onde passa a procissão.
Tem as vantagens de uma mãe, mas não pode mandar vir comigo e não tem caracter de permanência. Querem melhor que isto?
É certo que tem idéias próprias quanto ao que deve ser a decoração de minha casa, o que a princípio me irritava. Também é certo que põe sempre o edredão com o padrão atravessado e sempre que chego, as revistas que deixei na casa de banho estão em cima da mesa da sala.
No entanto, já me habituei a essas pequenas idiossincracias e faz parte do meu ritual quando chego a casa corrigir essas manias da senhora.
Também desconfio que não deve saber ler porque sempre que deixo um bilhete a pedir qualquer coisa, não vejo nem o bilhete nem resultados práticos. Mas não perco por insistir. Como dizia o outro, a esperança é a última a morrer.
Por vezes irrito-me, quando por exemplo abro o louceiro e caiem-me em cima quatro chávenas que se estatelam no chão. A sério, uma ou duas, ainda estou como o outro, mas quatro empilhadas e travadas contra a porta, como raio é que ela conseguiu? Não deve ser fácil!
De certeza que tirou a mão como um raio e fechou a porta como um foguete.
É um milagre não ter fechado o braço dentro do armário.
E enquanto vou buscar o aspirador a praguejar apetece-me despedi-la, mas lembro-me sempre das sábias palavras da minha mãe (desconfio que tem um secreto temor que se eu despedir a senhora a casa se torne num segundo Chernobyl e que sobre qualquer coisa para ela) que diz:
"Olha que não é fácil arranjar quem queira trabalhar nestes dias e pelo menos é séria!"
E é, e ao que me é dado a perceber neste momento é a única qualificação que se pode exigir!
Há administradores de bancos com menos qualificações, ao que consta! Pelo menos nesse campo.
Lá se vão os meus sonhos de contratar uma mulher a dias, sei lá, tipo Ucraniana de 25 aninhos. Também não precisava de limpar muito, que eu já vou estando habituado e nem me convinha que fosse totalmente séria, mas não há mundos perfeitos!
Bom, pelo menos hoje a cama está feita de lavado e durmo sempre melhor nessas noites!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O MEU MERCEDES É MAIOR QUE O TEU

Foi recentemente publicado um ranking das escolas cá do nosso oásis sobre sahariano.
Demorei a pegar no tema porque tive uma barrigada de riso que durou dois dias.
Muita tinta poderia correr sobre o assunto, mas como não tenho tempo, coloco duas questões básicas que me intrigam, na esperança que me possam elucidar:
A primeira, é que com base nos critérios usados, a questão coloca-se mais ou menos como um gajo dizer "o meu Ferrari é melhor que o teu Citroen". Bolas, grande novidade. Mas o que também poderia ser dito e não foi, são coisas do género "o meu Citroen é mais barato que o teu Ferrari". "Mas o meu Ferrari anda mais". "Depende, se o teu Ferrari estiver numa estrada de montanha e o meu Citroen na autoestrada, isso não é verdade". Grosso modo, é um ranking que não serve para ponta de corno, é uma questão de facto, baseada num só resultado, sem análise da envolvência e não digo de todos, mas pelo menos de alguns factores determinantes.
É mais ou menos de senso comum que putos cheios de fome em escolas sem aquecimento, depois de uma caminhada de uns kms à chuva não têm tanta facilidade em aprender como os que comeram bem e foram levados ao colégio "state of the art" no mercedes do papá, que lhes pagou as explicações entre a aula de natação e o judo. E os resultados podem não ter nada a ver com a qualidade de ensino, mas isso digo eu que tenho uma tendência vincada para complicar.
Mas o segundo aspecto, realmente hilariante, explicado por uma senhora com aspecto de dona de casa, mas que afinal parece que é a ministra do pelouro, (se calhar acumula e na altura ainda estava com a farda errada), tem a ver com a taxa de sucesso na ordem dos 80% e com a grande melhoria da qualidade do nosso ensino, nomeadamente na língua materna e pasme-se na matemática.
Como se fossemos todos dementes.
Ainda não somos, mas se o ensino continuar por este caminho, já não falta tudo.
Problemas de fundo não se resolvem da noite para o dia. Senão expliquem-me lá este fenómeno:
Os professores estão insatisfeitos com a avaliação e o tempo que vai retirar a actividades académicas, as colocações não permitem estabilizar corpos docentes, as escolas estão a cair de velhas e sem verbas sequer para auxiliares de acção educativa, a violência nas escolas já ultrapassou a dos filmes americanos e já se fala correntemente em reforços policiais para as escolas como se de um Benfica-Porto se tratasse, os pais não têm tempo para acompanhar, quanto mais educar os filhos e por aí fora e os resultados são muito melhores?
Há aqui qualquer coisa que não bate certo, ou sou só eu que acho isso?
Uma mente mal intencionada como a minha poderia sugerir que os exames foram mais ou menos de borla, para as estatísticas ficarem mais arranjadinhas e os meninos não chumbarem tanto, que isto de ter os putos na escola custa uma pipa de arame. Quanto mais depressa se despacharem a ir para o desemprego melhor.
E assim até impressionamos Bruxelas.
O facto de estarmos a criar uma nação sem formação e de analfabetos funcionais a seu tempo se resolverá.
Também que raio de qualificação é que é preciso para trabalhar no Mc Donalds ou no call center de uma operadora telefónica?
Um gajo liga para lá fulo, não resolvem nada e ainda se despedem com um "espero ter resolvido a sua questão e os meus desejos de um resto de bom dia", na voz automática como manda o manual que só deixa um gajo mais a ferver. Só é preciso ter o cuidado de, conforme o turno, trocar o bom dia por tarde ou noite. E isso resolve-se com um post it.
A continuar assim, vou continuar por muitos anos a receber e-mails tão mal escritos que tenho de agarrar no telefone para perguntar à avantesma que raio é que queria dizer com a algarviada, porque mesmo usando toda a imaginação disponível não consegui tirar um pingo de sentido daquela salgalhada. E vou ter que continuar a corrigir contas de merceeiro, porque nem com calculadora os gajos lá vão, ainda não perceberam sequer que fazer 20% de desconto a um valor é o mesmo que multiplicar esse valor por 0,8, quanto mais que a multiplicação é comutativa.
Mas se me servir de consolo, é tudo rapaziada com boas notas nos exames do 12º!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O MÍNIMO DOS MÍNIMOS

Parem tudo!
Desta vez o nosso Engenheiro está carregado de razão!
No fundo prova o adágio que diz que mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia. Mas quando é justo, é justo e desta vez é mais que justo.
Estou a referir-me à actualização do salário mínimo nacional para 2009.
O salário mínimo nacional é uma miséria, mesmo para um país miserável.
O Engenheiro quer aumentá-lo 24 €, para uns míseros 450 €, facto que aqui há dois anos atrás tinha sido acordado em sede de concertação social, com governo, sindicatos, associações patronais e não estou certo se outras máfias.
Trata-se de uma necessidade para evitar que as pessoas que trabalham oito horas por dia, seis dias por semana a troco do salário mínimo (e imaginem como é que se vive com 426 € por mês, isso sim é um desafio à criatividade) entrem no limiar da pobreza, que corresponde, se não me falha a memória a 60% do salário médio.
Não ficava bem na Eurolândia!
Não é que os empresários, esse motor do desenvolvimento sustentado, vieram tentar quebrar o acordo com ameaças de falências e despedimentos em massa, com a desculpa da crise internacional, terramotos, tempestades, apocalipse e outros cenários catastróficos!
Porra, façam as contas a uma PME que tenha dez funcionários a ganhar o salário mínimo (e já tem mais funcionários que a maioria) e vejam o que isso representa em termos anuais.
Menos uma ou duas garrafas de champanhe por mês num bar de alterne de segunda, mas meus amigos, todos temos de apertar o cinto. É a crise! Pelo menos é isso que eu digo à amante.
Mas há coisas que a mesquinhez nacional tem de perceber rapidamente.
Uma delas, e fundamental, é que nunca vamos ter uma economia sustentada na base dos baixos custos de mão de obra.
Qualquer puto de seis anos, desde que tenha um Magalhães com banda larga, já se apercebeu que por aí vamos demorar a conseguir competir com países como a China, se bem que se o miserabilismo continuar, mais dia menos dia também trabalhamos por um prato de arroz.
Esse mesmo puto ranhoso já me sugeriu que se apostasse na qualidade, no design, na formação e motivação dos recursos humanos e quem sabe, num pouco de investigação e desenvolvimento.
Claro que lhe preguei logo uma chapada, que isto são coisas de adultos em que a canalha não tem de meter o nariz.
O que prova que esse adágio da verdade sair da boca das crianças é uma grande treta.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

AUTONOMIAS E OUTRAS PORCARIAS

Parece que a grande novidade da permanente silly season que se vive neste cantinho tem a ver com o estatuto político da região autónoma dos Açores, ou lá como é que se chama o raio da lei.
Pelo que percebi, não prestando grande atenção ao caso, parece que o nosso parlamento aprovou a lei na generalidade por unanimidade.
O presidente da república (e notem que mais uma vez fiz um esforço para não escrever das bananas), achou que a lei lhe retirava poderes (aqui outra novidade, parece que o presidente tem poderes) e devolveu a coisa com um bilhetinho de não obrigado, talvez para a próxima.
A rapaziada do governo e do parlamento lá fez um lifting à coisa e toca a reaprovar e devolver.
Vai daí o presidente pediu a fiscalização ao tribunal constitucional (que é uma instituição composta pelos melhores juízes, mas também se virem bem, de todos os catrapázios de direito a constituição é o mais fininho, portanto também há menos matéria para saber) que detectou oito inconstitucionalidades.
Aqui pergunto-me se a lei terá sido aprovada depois de almoço, porque daqueles deputados todos, pagos naturalmente por nós, ninguém reparou nesse pequeno pormenor. Mas como foi na generalidade, ainda passa.
Não tenho a certez que tenha sido rigorosamente isto que se passou, mas foi mais ou menos o que entendi do que tenho ouvido nos últimos dias na comunicação social.
Também como os Açores ficam lá no fim do mundo, não é muito importante.
Além do mais, a maioria dos gajos nem vão votar, portanto nem eles próprios devem estar minimamente interessados nesta tanga.
E sendo assim, que direi eu?
No entanto, a gigajoga continua e parece que, apesar de nas coisas realmente importantes como combinar as cores das gravatas que vão levar às cerimónias oficiais, o engenheiro e o presidente se entenderem, temos aqui um arrufozinho que até já deu direito a comunicação ao país em horário nobre, com criação de suspense sobre o tema e todos os ingredientes dignos das novelas do Moniz.
Como não gosto de ver os senhores de candeias às avessas, resta-me sugerir uma solução pacífica para que fiquem todos de cara lavada:
Ofereçam a independencia aos Açores!
Eles eram capazes de gostar, nós poupavamos uma pipa de massa em custos de insularidade e os senhores já não precisavam de se zangar por causa disto. Toda a gente ficava a ganhar.
E o melhor de tudo era que podíamos seguir o exemplo para a Madeira, para ver se o Dr. Jardim deixava de dizer mal do continente (para isso estou cá eu) e se sempre se safava sozinho como está sempre a apregoar.
No caso da minha sugestão não ser aceite, agradeço que comecem a legendar os programas da RTP Açores, que eu tenho um bocado de dificuldade com línguas estrangeiras.
O país não sei, mas eu ficava agradecido!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CORREIOS


Sei que o espírito deste blogue não é este!
Na verdade precisava de saber se conseguia carregar um vídeo e andava com esta música na cabeça.
Assim, espero que achem piada. Eu por acaso gosto bastante!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

PÉROLAS DE GESTÃO

Como já estou um bocado com os copos (sim, para quem não me conhece aquilo de já não beber é treta, para quem me conhece não há novidades) e porque estive a aturar um engenheiro que tinha idade para ser meu pai, a discutir um assunto que não tenho a mínima idéia qual seja, verifiquei que em Outubro a minha folha de couve tem muito menos publicações que em Setembro.
Esta sequência pode não fazer muito sentido, mas vão por mim que tem, pelo menos foi assim que ocorreu.
Um homem tem que trabalhar e não tem muito tempo para estas coisas, mas há que fazer um esforço de recuperação.
Tudo isto para explicar duas publicações na mesma noite, mas a verdade é que vou partilhar mais uma. Assim, agradeço que ponham no sumário mais um valioso método de gestão da escola do director que já referi numa publicação anterior.
Curiosamente também ter a ver com um burro, apesar de na maior parte das circunstâncias não ter nada de burrice. É uma questão estatística, que nos permite praticar determinados actos de gestão e manter espaço em disco para o que é realmente importante, nomeadamente gajas, copos e futebol.
Sucede que, sempre que eu tinha um problema daqueles obtusos, ia ter com esse director e relatava o caso, naturalmente sem propor soluções porque se as tivesse não o iria incomodar.
E ele dizia-me: - "Faça assim."
Eu naturalmente, como já tinha analisado as várias possibilidades, perguntava-lhe com alguma inocência: "E isso não vai dar merda?
Ao que ele invariavelmente retorquia: "Até lá, ou morre o burro, ou morre o rei ou morro eu."
Um dia, farto de ouvir a resposta e propostas de solução duvidosas, perguntei-lhe que raio é que aquilo queria dizer.
O que ele me disse foi o seguinte:
-" O rei condenou um fulano à morte. O fulano achou a sentença justa, mas dissse ao rei que tinha muita pena, agora que estava quase a ensinar o seu burro a falar. O rei perguntou quanto tempo é que ele precisava para terminar essa tarefa, ao que o condenado respondeu dois anos. E o rei mandou suspender a execução por dois anos, para ver essa maravilha."
À saída do tribunal, diz um amigo a fulano:
"Ouve lá, tu és louco, nunca vais conseguir ensinar o burro a falar em dois anos!"
Ao que fulano respondeu:
"Até lá ou morre o burro, ou morre o rei, ou morro eu."
Sábias palavras e excelente método que vão por mim, reduz os problemas reais em 90%.

MACACOS ME MORDAM

Em tempos trabalhei numa empresa que tinha um corredor
que se devia a todo o custo evitar.
Como todos os maçaricos, quando entrei para a dita, alguém me apadrinhou e logo no primeiro dia fez-me o precioso aviso:
-"Quando passares naquele corredor, olho vivo e pé ligeiro. Foca-te no que vais fazer e não fales com ninguém sobre qualquer outra coisa, nem que sejam os resultados do futebol!" (e não falemos de coisas tristes.)
Como qualquer maçarico que se preze, não fiz grande caso do saber de experiência feito, devem ser coisas de ressaviados, etc e tal, eu é que sei.
Aprendi à minha custa. Aquilo era a "ala dos calaceiros", que nalgumas empresas toma a designação de unidade de queimados. Grosso modo, é aquela rapaziada que por culpa própria, por ter pisado os calos a quem não devia, por ter entrado num gabinete sem bater e ter visto algo que não devia (para quem não teve recursos humanos na faculdade há carreiras verticais e horizontais e aqui não estou a gozar), ou simplesmente porque teve azar, estava na chamada prateleira.
Reconheciam-se por cheirar a copos logo de manhã, o que os distinguia de pessoas como eu que ainda cheiravam a copos de manhã (a sério, o pequeno almoço deles era um tricofaite, bebida composta por cerveja com martini bebido no tasco em frente) e por geralmente andarem com os mesmos papéis na mão dias a fio, geralmente já amarelos porque era no tempo em que os faxes ainda usavam papel térmico (gozem à vontade mas ainda me lembro do telex).
A questão fulcral é que se entrava no corredor à vontade e saía-se com dois ou três macacos pendurados no ombro (entenda-se problemas para resolver que há partida não nos diziam respeito e normalmente eram bicudos).
Anos mais tarde tenho este exemplo como uma valiosa lição de vida, aprendida às minhas custas por não querer dar ouvidos à experiência.
E lembro-me de uma professora de Ciências da Natureza que tive, que apesar de nunca me ter ensinado nada de monta no capítulo da cadeira, deu-me uma valiosa lição de vida que mais de vinte anos passados ainda recordo.
Ao mandar-me para a rua por mau comportamento, disse-me a seguinte frase, que cada vez faz mais sentido:
-"Sabe, uma pessoa quando nasce, nasce incendiário, mas quando morre, morre bombeiro."
O problema é que só se começa a perceber os mais velhos quando já se é mais velho!
Como dizia o outro, a juventude é desperdiçada nos jovens.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

GIN COM ÁGUA DO LUSO


Pela primeira vez em nem eu sei bem há quantos anos, tirei uns dias de férias sem sair do nosso rectângulozinho.
Em boa hora, cheguei hoje e é capaz de ainda haver esperança para a minha recuperação.
Estou neste sítio magnífico que a foto ilustra, o lindíssimo grande hotel do Luso, da autoria do arquitecto Cassiano Branco, junto à piscina olímpica a escrever estas linhas, a ouvir Postal Service no ipod, a fumar uma cigarrada e com uma garrafa de Frei João 2003 à frente.
A seguir vou ler um bocadinho de " Os contos de Clerkenwell" do Peter Ackroyd, para fazer horas para ver o FCP em frente a um leitãozinho!
Há momentos em que ainda acho que a vida pode ser perfeita.
Já agora, para quem não conhece o Luso, a terra é lindíssima, com jardins fabulosos e uma arquitectura de conto de fadas. Ainda há coisas boas neste nosso cantinho.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

COM QUE ENTÃO CARTÃOZINHO NOVO?


Parece que finalmente se vai massificar a emissão do novo cartão do cidadão, ou lá como se chama o cartãozinho que substitui o bilhete de identidade e mais quatro ou cinco documentos.
Grande idéia!
Claro está que já há para aí uma série de velhos do Restelo (não tem nada a ver com a massa associativa do Belenenses, apesar de já estar bastante envelhecida) a mandar vir que não sei quê da protecção de dados e da confidencialidade e do diabo a quatro.
Como se esses gajos do Marketing já não soubessem tudo o que há para saber... até parece que o nosso banco não conhece os nossos hábitos de compra, o nosso número de contribuinte e com um bocado de sorte aquela facada no matrimónio que não era para se saber, mas quem é que adivinhava que o gerente do banco usava o mesmo hotel?
Há gajos que são tão do contra que até lançaram o brilhante argumento de que se um gajo perde o cartão perde logo meia dúzia de documentos. Isso é que é usar a cabeça! E se esses gajos perderem a cabeça? Não deve fazer-lhes falta por aí além.
Uma vez perdi a carteira e só vos digo que é um biscate para conseguir segundas vias de tudo. Só a quantidade de sítios a que um gajo tem de ir, mais vale ser como o Agostinho da Silva e não ter documentos.
Mas a medida é de louvar, quanto a mim por duas razões fundamentais:
Primeiro, a porra do tamanho do BI, a não ser que se seja do sexo feminino, foi cuidadosamente estudado para não caber em carteira nenhuma. Ainda se se souber qual a fábrica de carteiras de que o gajo que lançou o documento é dono. Só pode ser essa a explicação para aquelas dimensões irritantes.
Segundo, nunca mais me esqueci, uma vez no estrangeiro, de um gajo com quem eu estava nos copos me perguntar que crime é que eu tinha cometido.
Ainda pensei, porra, queres ver que a maré desenterrou os corpos?
Mas não, depois o gajo explicou-me que tinha visto o meu BI e no país dele só marca o dedo quem comete algum crime. E era para aí Iraquiano!
Realmente, sempre que olho para o papel amarelo lembro-me disso. E concordemos que é arcaico, pouco civilizado e que a porra da tinta custa à brava a sair das mãos.
Mas contra isso ninguém manda vir!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

MAGALHÃES, ESSE GRANDE COMPINCHA



Podemos finalmente respirar de alívio.
Agora, todos os problemas da nação estarão resolvidos a curto prazo.
Qualquer questão que se coloque ao nosso primeiro, será resolvida pelo choque tecnológico e pela banda larga para todos!
Desemprego - choque tecnológico! Analfabetismo - internet banda larga! Gravidez indesejada - choque tecnológico! Verrugas - internet banda larga! Crise financeira - choque tecnológico! Sistema nacional de saúde - internet banda larga!
E por aí fora, acho que perceberam a idéia.
Para apoiar a situação, massificou entre a pequenada uma lancheira tecnológica que os pais se apressaram a comprar, porque mesmo que se venha a verificar que não dá para ver umas pequenas descascadas, sempre pode ser usado pelos putos para jogar uns joguitos, que enquanto estão entretidos não chateiam a molécula.
Muito se podia gozar à volta da idéia, como é que a rapaziada que nem escrever direito sabe vai dar ao trambolho diferentes aplicações das acima enunciadas. Mas não tenho tempo nem espaço que chegue para explorar as possibilidades que são quase infinitas.
Há no entanto uma coisa que eu gostava de saber.
Quem foi que serviu de inspiração ao nome da coisa?
Entre outros possíveis, seleccionei alguns candidatos, porque me parecem plausíveis, mas estou aberto a esclarecimentos que possam lançar uma nova luz sobre o assunto.
Temos Fernão Magalhães, português e expoente máximo de uma arte tão portuguesa que é fartar-se de andar às voltas para acabar no mesmo sítio, que poderia ser uma justa inspiração, por razões óbvias. Para chegar ao mesmo sítio, mais valia estar quieto.
Temos José Magalhães, ex-deputado do PCP e actual do PS, que foi a primeira pessoa a verdadeiramente ter a idéia peregrina de resolver os problemas do país com o acesso à internet, e também um dos pioneiros da mudança (de partido pelo menos), constituindo um exemplo de versatilidade que também se quer atributo do computadorzito, pelo que também pode estar legitimamente na origem do baptizado.
Temos ainda o Jaime Magalhães, mas desse só vou ter a certeza se a coisa funcionar, porque era um grande médio e com ele o FCP funcionava (na verdade também funcionava sem ele, mas era um grande jogador). E tenho a impressão que o computador é abaixo de médio, portanto este não deve ser...
Finalmente a minha aposta vai para o Sr. Magalhães da mercearia da esquina, porque para além de ser uma pessoa cheia de idéias, inovador, trocou o papel e lápis por uma registadora antes de ser obrigatório, com evidentes ganhos de rapidez e óbvias perdas de lucro porque o fisco passou a controlar mais facilmente. E isso de fisco parece que tem alguma coisa a ver com o fabricante da maquineta, pelo menos foi o que ouvi dizer, se bem que não percebi exactamente do que se tratava. Mas não pode ser coincidência.
De qualquer das formas tiro o chapéu ao governo (ou tiraria se usasse chapéu). Finalmente percebi a lógica subjacente a isto tudo.
Se toda a gente viver no mundo virtual, podemos criar um país virtual, onde virtualmente tudo funcione bem.
Realmente, não me tinha lembrado disso, mas virtualmente é uma idéia!
E se a coisa não pegar, sempre podemos despachar computadores usados para a Venezuela, que parece que o Sr. de lá dá petróleo à troca.
E isso sim, resolveria alguns problemas do país real.

FESTA DA MAGUI SEGUNDA EDIÇÃO


Estive na primeira e estava animadíssima!
Tanto que apesar do aniversário da Magui só ocorrer uma vez por ano, (outras senhoras há que fazem anos de dois em dois anos ou até com maiores intervalos), decidiram reeditar a festa todos os meses!
O que é preciso é motivo, e todos os motivos são bons para festejar.
A música é boa, o pessoal é porreiro, o espaço é giro e, vantagem das vantagens, pode-se fumar.
O que liga sempre bem com copos!
E é sempre uma festa!
E o flyer desta edição também está giríssimo!
E quanto mais gente melhor, portanto vejam se aparecem!

sábado, 11 de outubro de 2008

QUEREMOS UM PAÍS NOVO

Um dos problemas do Sr. Eng. é que temos de ter cuidado com a forma de dizer as coisas.
Alguém lhe deveria explicar que quando se diz queremos um país novo estamos a falar do mesmo país (este quintalzinho) só que melhor um bocadinho.
Mas pronto, prometeu-nos um país novo e cumpriu.
Sempre na vanguarda, apressou-se a reconhecer o Kosovo.
Nunca estive no Kosovo, pela simples razão que o Kosovo não existe. Seria um bocado como perguntar a um Australiano se já esteve em Portugal e ele dizer que não, mas esteve no Minho. Não faz grande sentido. Ainda se fosse no Algarve, podia entender, que a língua é outra.
Já estive na Sérvia e posso dizer-vos que os Sérvios são um povo espectacular. Agradáveis, disponíveis, educados, hospitaleiros (até com americanos que lhes bombardearam a capital há pouco tempo, o que demonstra um grande sentido de humor) mas muito cientes da sua cultura e da nacionalidade (já agora, as catraias também são muito giras). O Kosovo é o berço da nacionalidade sérvia. E eles já andaram à porrada por menos e acreditem que não são de capinar sentados. Não é por acaso que aquela zona é conhecida pelo caldeirão dos Balcãs, é porque ferve. E ao contrário do que tentam fazer passar por estes lados, os nacionalistas não são uma minoria, são uma quase unanimidade.
Para perceberem o que eu quero dizer, vamos supor que em Guimarães, de um momento para o outro, abrem montes de lojas de chineses. Três gerações depois, a população de Guimarães é 80% chinesa e resolve unilateralmente lançar a república de Guimarães. Ridículo, não é? Agora que a Sérvia tinha direito a reconhecê-la, tinha com certeza. Amor com amor se paga!
Pois foi mais ou menos o que aconteceu com o Kosovo, só que com Albaneses. Com a agravante que o Kosovo não tem condições históricas, geográficas, económicas e políticas para ser um país.
Historicamente faria muito mais sentido reconhecer a Irlanda do Norte, a Córsega, a Catalunha, a Euskadi e até a Galiza. Reparem que os Espanhóis não são parvos e vejam lá se eles reconheceram fosse o que fosse! Têm de tomar conta do quintal deles! Já meteram o pé na argola com a cimeira das Lages e aprenderam a nunca mais alinhar connosco.
Porra, por este andar nunca mais tenho um atlas actualizado. Em 1995, em Praga, no sítio onde estava hospedado tinham um mapa político afixado com um letreiro a dizer: " Pedimos desculpa se está desactualizado, mas estão a aparecer países mais rapidamente do que conseguimos fazer mapas". Na altura compreendia-se, havia uma razão válida para reverter a geografia política artificial gerada pelo pós segunda guerra mundial e pela guerra fria subsequente.
Agora não faz sentido. Ainda criam outra faixa de Gaza na Europa Central.
O Eng. devia ter presente isto que acabei de dizer, para além de que temos soldados na K-force (porquê também não faço ideia) que estão sujeitos a ter problemas e que este reconhecimento extemporâneo pode vir a legitimar outros ainda mais absurdos.
Além do mais, por este andar, com tantos países na Europa ainda vamos ter que passar a periodicidade dos Europeus de futebol para oito anos, porque só para as qualificações vão ser precisas duas gerações de jogadores.
Estou-me a lembrar que como paga o Kosovo podia reconhecer o curso do Sr. Engenheiro.
Afinal, reconhecimento com reconhecimento se paga!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

TENHO DE MUDAR DE VIDA

Modéstia à parte, sou uma pessoa, com uma cultura acima da média, uma conversa agradável e algum sentido de humor, fruto de uma esmerada educação que os meus progenitores se esforçaram por me incutir, à custa de muitos sacrifícios pessoais e esporadicamente dumas galhetas.
No fundo era um beto em projecto, mas qualquer falha de execução ao longo da obra fez com que o resultado final divergisse do esperado. Ainda bem. O meu muito obrigado às influências desviantes que tive ao longo da vida.
É certo que não sou uma beleza estonteante (longe disso) e tenho os meus defeitos como toda a gente (até mais que muitas pessoas, se for completamente honesto), mas isso não vem ao caso em apreço, é só para os comentadores reduzirem o nível das alfinetadas (não se pode dar totalmente o flanco e nunca se pode dar a rectaguarda, já dizia o Sun Tzu na arte da guerra).
Toda esta treta para chegar ao que me fez começar a escrever. Tenho de mudar de emprego! Não é que não goste do que faça (na verdade tem altos e baixos como tudo), que esteja mal pago (provavelmente para o número de horas que trabalho até estou, mas não me posso queixar), que saiba fazer outra coisa (já faço isto há tantos anos que até já faço bem) ou que esteja fácil arranjar emprego (e lá voltamos nós à crise).
O que se passa é que ultimamente, sempre que conheço uma rapariga, entre dois copos, temos normalmente uma conversa agradável. O problema é que, inevitavelmente a conversa chega à sacramental pergunta "O que é que fazes na vida?"
É nesse momento que gostava de saber mentir de forma convincente. Bolas para a educação que me deram que me coloca em desvantagem competitiva.
A partir desse momento, independentemente de idade, raça ou credo, sei que a conversa está terminada. A sério, já começo a ser eu a dizer logo "Foi um prazer, vemo-nos por aí."
Ou então é alguma perturbação atmosférica que faz com que quando eu digo que trabalho em seguros a interlocutora perceba qualquer coisa do género "embalsamo cadáveres na morgue" ou "abato gado bovino no matadouro municipal" (sem desprimor por essas profssões que são absolutamente necessárias, mas na minha perspectiva essas sim assustadoras)!
O que é certo e comprovado, e por favor experimentem quando estiverem no meio de uma conversa aborrecida com uma rapariga que tenham acabado de conhecer e de quem não estejam a gostar nem um bocadinho, é que para matar uma conversa basta fazer a sacramental pergunta. Junto com a resposta vem sempre um "E tu?".
É a vossa oportunidade. Aproveitem!
É que nem sempre funciona contra nós.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

CRISE DE NERVOS

Não tenho nada a ver com a crise do sistema financeiro mundial!
Nem é nada comigo, não fui eu que a provoquei, (embora espere que não me faça perder o emprego e o pouco dinheiro que tenho), mas há coisas que me fazem confusão.
Na verdade, um amigo mandou-me hoje uma história brasileira via e-mail que mais ou menos explica a crise de uma forma simplista mas verdadeira na essência, que tomo a liberdade de reproduzir:
O Sr. Zeca tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça fiada 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Zeca, um ousado administrador formado com curso de mba, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pendura dos pinguços como garantia.
Uns seis executivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acronimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Zeca vai à falência.
E toda a cadeia faliu !... muito simples...!!!
Isto explicado, há algumas coisas que mais do que a crise propriamente dita, me tiram do sério.
A primeira é que ainda não percebi que raio é que fazem as autoridades de supervisão, que não aprenderam nada com falências como as do Barings e, casa roubada trancas à porta, vêm agora alertar para a crise que atravessamos, coçando a cabeça como um puto de três anos quando um ilusionista tira um coelho da cartola, ainda sem terem a mínima noção de como é que aquilo aconteceu.
A segunda é que os governos, para tentarem evitar uma corrida aos bancos, afirmam em praça pública garantir os depósitos, não se sabe bem como, com que recursos, nem em que termos (tinha a idéia que o Estado somos todos nós, mas devo estar mais uma vez equivocado), quando se começa a ver os próprios estados como é o caso da Islândia, há poucos meses um dos mais ricos do mundo, prestes a declarar bancarrota.
A terceira é que ninguém é responsabilizado pelo sucedido, sendo que ao que agora se sabe, alguns administradores de bancos já falidos à altura se remuneraram com a mesma sofreguidão que um náufrago do deserto bebe ao encontrar um oásis ao fim de três dias sem pinga de água.
E mais giro ainda, quando inquiridos sobre a situação, dizem que não tinham forma de a prever. Porra, se administradores não têm, proponho para CEO o bruxo de Fafe e para vogal a Maya, que apesar de tudo sempre podem lançar as cartas e de certeza não se enganam por muito mais. E não são tão bem pagos...
Ainda outra coisa que me custa a entender é que todos os grandes arautos do liberalismo económico são os que agora clamam pela intervenção do Estado para deitar a mão. Bolas, então o que é que aconteceu ao livre funcionamento do mercado e ao Estado não ser um operador legítimo por distorcer a realidade da oferta e da procura? A febre das privatizações passou à das nacionalizações? Os lucros são meus enquanto investidor mas os riscos são do Estado? Grande negócio, não há dúvida, assim também quero!

domingo, 5 de outubro de 2008

O MUNDO FICOU MAIS TRISTE

Na sexta-feira faleceu Dinis Machado.
Escritor, jornalista, poeta, crítico de cinema, homem de letras de uma forma geral, foi autor, entre muitas outras coisas, de "O QUE DIZ MOLERO".
Tenho consciência que não li todos os livros de autores portugueses, longe disso, mas é para mim o melhor livro português de todos os que li.
Nas palavras de António Mega Ferreira "Aos homens de palavras (os que delas vivem e por elas comunicam) O QUE DIZ MOLERO soa como música".
Verdade pura. Tenho aconselhado o livro a muita gente que o tem lido e ainda não houve ninguém que não tivesse delirado com a criatividade e o ritmo da escrita.
Foi-se o homem, ficam as palavras.
Mas ainda assim fiquei triste.
""Acho que todas as pessoas são mais ou menos infelizes", disse subitamente Mister DeLuxe, "mas os artistas são infelizes de outra maneira, talvez de uma maneira dramaticamente infeliz". "Isso é muito agudo, Mister DeLuxe" disse Austin com um olhar brilhante, "a isso apetece-me mesmo chamar uma definição"." Dinis Machado in O QUE DIZ MOLERO.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O BURRO DO INGLÊS

Bom, mais uma vez aperta a crise e as empresas, como reacção pavloviana qual cão a salivar ao toque da campainha, começam a reduzir pessoal.
Paradoxalmente, aumentam os objectivos, porque é preciso vencer a crise, a produtividade per capita é muito baixa, é preciso reduzir custos para aumentar os lucros já que a crise não permite que a realidade de mercado acompanhe a projecção orçamental, está em risco a sobrevivência da empresa, todos temos de fazer esforços adicionais, o accionista espera ver remunerado o capital investido e essas tretas que ciclicamente todos nós já ouvimos ou pelas quais já passamos, patati patata, reubéubéu pardais ao ninho.
A esse propósito, lembro-me sempre de um director que tive numa empresa onde em tempos trabalhei, que me deu lições de gestão mais valiosas do que alguma vez tive na faculdade.
Uma delas foi durante uma reunião de apresentação das conclusões de um grupo de trabalho sobre a redução de custos e as medidas a implementar nesse sentido.
A cada medida que a consultora apresentava, o sr. interrompia com a seguinte pergunta:
-" Dra., conhece a história do burro do Inglês?"
A sra. foi fazendo de conta, até que visivelmente irritada, disparou:
-" Conte lá a história do burro para podermos continuar, se não se importa!"
E ele contou.
-"Havia um Inglês que tinha um burro que trabalhava de sol a sol.
Mas como após o trabalho estava esfaimado, comia bastante, o que fazia com que o Inglês não obtivesse os lucros que pretendia, devido aos custos da ração.
Então, para subir os lucros, resolveu ir cortando progressivamente a quantidade de ração.
Não quer a dra. saber que quando se tinha habituado a deixar de comer é que resolveu morrer?"
Escusado será dizer que a reunião nunca mais foi a mesma.
E mantendo-me no reino animal, se a coisa continua assim, por este andar estamos todos a chicotear um cavalo morto!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

A CRISE DO SISTEMA É UM PROBLEMA

Já se notam cá na terrinha as implicações da crise do sistema financeiro americano.
Parece que os bancos já não têm guita e vai daí, a rapaziada que costumava assaltar bancos, multibancos e carrinhas de transporte de valores com alguma regularidade vê-se a enfrentar o espectro do desemprego.
Claro que, como diz o outro, em chinês a palavra crise escreve-se com dois símbolos, um que significa perigo e outro oportunidade. E como já tive ocasião de escrever, sempre fomos uns gajos desenrascados e até ocasionalmente empreendedores.
Vai daí, alguma dessa rapaziada do fananço, para continuar no ofício, ou se virava para a política ou diversificava o mercado alvo.
E mesmo para a maioria dos ladrões existem limites a partir dos quais se recusam a baixar!
Claro que o mercado está a encolher, com a rapaziada de uma maneira geral entre o desemprego e a miséria e com as bombas de gasolina em que ninguém abastece mais do que litro e meio, porra, há que dar largas à imaginação para se poder fazer uns trocos com um assaltito.
Algumas mentes mesquinhas podiam sugerir trabalho honesto, mas vão vocês tentar arranjar emprego neste rectangulo à beira mar e vejam se é fácil...
E a rapaziada, até com um certo sentido de humor, diversificou.
E gozo que possa parecer, há uns dias, enquanto o porta-voz do partido do governo em conferência de imprensa informava que este país não tem problemas de segurança, assaltavam-lhe a casa, ao que parece na margem Sul. Falem lá em justiça poética.
São estas situações que por vezes me fazem questionar o meu ateísmo.
Também o procurador geral da república (aqui fiz um esforço para não escrever das bananas e quase que conseguia), que anunciou planos, medidas e task-forces contra o crime, viu a sua casinha de férias assaltada.
Mas o prato forte foi hoje. Se não fosse o meu pai a contar-me eu não acreditava, mas ele não brinca com assuntos sérios.
Assaltaram a judiciária, mais propriamente a direcção de combate ao banditismo e roubaram uma série de material. Se não fosse tão sério ainda me estava a rebolar a rir.
Há uma frase que sempre me irritou, mas acho que aqui se aplica como uma luva:
POR ESTE ANDAR, ONDE É QUE ISTO VAI PARAR?
Apesar de no combate à criminalidade, ao contrário do que diz o governo da nação, haver dificuldades evidentes e até alguma desorientação nítida (e não vou discutir se é falta de formação, preparação, recursos humanos, equipamentos, financiamento, conjuntura, o carro não pegar de manhã, o gato estar constipado, o café estar frio, a patroa estar com os azeites e provavelmente um pouco de todas estas coisas juntas), a segurança, pelo menos rodoviária, tem obrigação de aumentar a olhos vistos. Isto tem de ser uma coisa de cada vez que não há orçamento para tudo.
É que lá a passar multas, continua a ser um despacho, aí não há falta de meios.
E até trazem o terminal multibanco ao carro, que assim não carregam dinheiro e torna-se mais seguro no caso de serem assaltados.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A CORRIDA AO OURO NEGRO

Uma das coisas que mais dificuldade tinha em compreender, juntamente com o conceito de série em análise matemática (acho que isso ainda não entendi, se bem me lembro era uma coisa tipo soma de sucessões que se tinha de provar se era divergente, convergente ou o raio que as parta que não interessava nem ao menino Jesus), era aquela tradição nacional da corrida às bombas que ocorria nos saudosos tempos em que os combustíveis tinham dia e hora marcada para aumentar, o que acontecia uma a duas vezes por ano na pior das hipóteses.
Nas vésperas dessas alturas, havia centenas de carros em fila durante horas a gastarem dois euros de combustível para poupar euro e meio num depósito cheio e condutores a darem cabo das meninges a discutir com a patroa enquanto ela fazia tricot no banco do pendura, a ouvir o Sala na Renascença, em vez de ir preparando os garrafões para atestar que tem de se aproveitar enquanto se pode.
Posso estar a meter o pé na argola, que já lá vão uns anitos e se calhar ainda nem havia euros, mas até hoje sempre pensei que esta treta era uma ilustação do paradoxo de Zenão, que não era significativo, porque, no limite, iria sempre ser preciso meter gasolina ao novo preço. Mas era uma tradição e a tradição deve ser respeitada, senão o que será da cultura popular?
Hoje em dia, fruto da mudança dos tempos, o preço varia frequentemente e curiosamente nos dois sentidos, se bem que lixe mais vezes o mexilhão, e provavelmente mais vezes do que as justas.
E o português teve uma epifania e criou seu próprio mercado de futuros, para se agarrar como pode à tradição ancestral!
Há uma petrolífera que fixa os preços às Segundas feiras. Há pessoas que andam toda a semana a verificar as cotações do Brent, qual grandes investidores, para tentarem adivinhar o sentido em que vai variar o preço. Se apostam na subida, é vê-los a atestar Domingo à noite. No caso inverso é tudo para a bomba na Segunda. Chegam a arriscar duas descidas consecutivas e aí, em vez de atestar na Segunda, metem só o estritamente necessário para chegar à Segunda seguinte.
E escrituram perdas e ganhos, qual revisor oficial de contas.
Digam lá que não somos um povo imaginativo, que na desgraça consegue inventar um passatempo com um custo, na pior das hipóteses de oportunidade e na melhor das hipóteses com um lucro que dá para uma mini e uma bifana por semana.
Só me admira como é que com tanto expediente continuamos uma cambada de tesos!
Bom, agora vou ver como fechou hoje o Brent...

sábado, 27 de setembro de 2008

COISAS QUE ME INTRIGAM


Toda a gente, a conduzir ou como pendura, já esteve várias vezes preso em engarrafamentos, a não ser que seja de outro planeta e aí tenho dúvidas que possa ser classificado como gente, no sentido estrito da palavra.
Até aí, nada de extraordinário.
No entanto, como observador atento que tento ser, ultimamente tenho reparado numa coisa nos engarrafamentos que me tem intrigado.
Independentemente de raça, credo, sexo, idade e estatuto social,
porque raio é que toda a gente, quando está sozinha no carro, nas filas de trânsito, passado algum tempo de pára arranca, começa a tirar macacos do nariz?
Acho que não é impressão minha, é como o Tintim, funciona dos 7 aos 77 anos. Se o trânsito parar mais do que 30 segundos, lá temos o dedito dentro da narigueta.
Até pode não fazer sentido, mas por favor estejam atentos e vão ver que é verdade.
E fica aqui o meu alerta:
O RAIO DOS VIDROS DOS CARROS SÃO NORMALMENTE TRANSPARENTES, PORTANTO TENTEM CONTROLAR-SE QUE NUNCA SE SABE QUEM RAIO É QUE NOS VAI PARAR AO LADO E NÃO É UM GESTO MUITO BONITO!
Dito isto, votos de vias desimpedidas (de trânsito e respiratórias) se isso não constituir um paradoxo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

QUERO BUZINAR NO CALHAMBEQUE

Hoje foi dia sem carros!
Entre outras cidades, uma das contempladas foi Lisboa. Por acaso já lá morei e posso afirmar que quem se queixa do trânsito no Porto, de certezinha que nunca viveu na capital. E à segunda-feira, fechar parte da cidade aos automóveis é obra. Má, mas não deixa de ser obra!
Esta iniciativa é talvez das coisas mais estúpidas a que já tive oportunidade de assistir, a par com a do gajo que passou a camisa a ferro com ela vestida, mas a essa não assisti, só ouvi contar.
É uma medida puramente demagógica, não resolve nada, apenas serve para empatar a vida às pessoas. E ciclicamente lá se vai repetindo, como aquelas alergias recorrentes que nos incomodam sempre na mesma época do ano.
Sou contra a poluição, naturalmente, mas não sou fundamentalista, como os radicais que agora abundam no nosso burgo e quase advogam o regresso à idade da pedra como forma de a combater (lembro-me sempre daqueles exagerados que há uns anos quiseram sabotar o grande prémio da Alemanha porque para tornar o circuito mais seguro iam ser derrubadas algumas dezenas de árvores no meio da imensidão da floresta negra).
Quem me conhece sabe que detesto conduzir, pessoas de bem não conduzem, fazem-se conduzir. Não, agora a sério, se pudesse já tinha vendido a gabardina de lata há mais que muito tempo. Mas há uma coisa que os iluminados normalmente tendem a ignorar, talvez porque é uma realidade à qual não estão habituados.
É que eu, como muitos outros, tenho necessidade do carro para trabalhar, que ainda não consegui uma empresa que me mande o ordenado para casa sem eu fazer nenhum (e até podia vir por estafeta de bicicleta, que como já disse sou contra a poluição). Já agora, se souberem de alguma, agradeço que se lembrem de mim.
A poluição que um dia sem carros (ainda por cima a chover, isso é que é juntar o inútil ao desagradável) deixa de fazer é marginal, se é que obrigar as pessoas a contornar as zonas proíbidas não vai fazer aumentar as emissões poluentes, o que ainda está por avaliar.
Até podia ser solidário se houvesse uma boa rede de transportes públicos, a preços acessíveis, mas para consultar um horário de transportes públicos é preciso um mestrado em física nuclear (a sério, vão ao site dos STCP e confirmem) e depois, se se conseguir, é tão útil como uma viola num enterro, porque não são para cumprir, são mais a modos que para existirem, porque sim, sei lá, faz sentido haver horários. E para se ir do ponto A ao ponto B, normalmente implica transbordos, interpretações cabalísticas (imaginem um estrangeiro a tentar perceber o funcionamento do andante, que escapa a toda a lógica, com as zonas C não sei quê a corresponderem a títulos de viagem Z não sei quantos, que mesmo quem é de cá tem dificuldade em entender) e de uma forma geral uma paciência infinita, para além de algum dinheiro.
Mas, não se preocupem com essa treta dos carros.
Com o preço dos combustíveis como está, não tarda nada todos os dias serão sem carros.
E o Eng., como grande ecologista que é, já está a tomar medidas de fundo para diminuir a poluição atmosférica e sonora, recorrendo aquela ferramenta chave que é o aumento do desemprego.
Senão vejamos, com o desemprego a aumentar como tem aumentado, não tarda nada não há arame para a prestação e lá vai o carro para o banco, que também não o consegue vender porque já ninguém tem emprego para poder comprar seja o que for.
E quem o tem pago, com a miséria que ganha, não dá para a gasolina e já é uma sorte se não tiver que o vender ao desbarato para pagar a prestação da casa, que o dinheiro não estica.
Ora digam lá que o Sr. Eng não é um visionário!
Por este andar, um dia todos os dias serão sem carros! E já faltou muito mais!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A VERDADEIRA NOÇÃO DAS PRIORIDADES

Já todos tiveram de certeza aqueles dias em que se fartam de trabalhar e no fim do dia, tudo espremido não dá meio copo de sumo. Hoje foi um desses dias, cheio de conversas de surdos, de reunião improdutiva em reunião improdutiva, a tentar resolver problemas sem razão de ser, criados por pessoas que não têm mais com que se entreter.
Até estava sem pachorra para escrever, mas ao ver o telejornal, cheguei à conclusão que serrar serrim deve ser uma questão cultural cá do nosso cantinho do Norte de África, portanto deixem-me deitar um bocado de conversa fora.
Parece que há uma crise económica de dimensão mundial, parece que o petróleo está a um preço que vão ter que acrescentar dígitos nas bombas ou converter o indicador de cêntimos em euros, parece que arranjar emprego é mais difícil que o Ricardo fazer uma defesa e com que é que a inteligência nacional anda preocupada?
Se os casamentos entre pessoas do mesmo sexo devem ou não ser autorizados. Parece gozo, mas pelos vistos não é. Serei só eu que acho que há assuntos mais prementes?
Se as pessoas do mesmo sexo querem casar, quanto a mim que casem, qual é o problema? É lá entre eles, desde que não me convidem para o casamento, que eu ando um bocado liso para dar prendas, quero lá saber.
No fundo estamos a falar de um papel com direitos e deveres, porque mesmo sendo ingénuo, suspeito que tudo o resto já se passa e já, logo é lana caprina.
Merece a discussão, ou é para distrair as pessoas do que realmente importa?
Aguardo ansiosamente o ponto de vista da Dra. Manuela Ferreira Leite sobre o assunto, até porque tenho uma aposta a decorrer sobre se a senhora será ou não muda, que por este andar nunca mais resolvo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PILHAS DE PROBLEMAS

Provavelmente já aconteceu a todos chegarem a casa em cima da hora de início de um programa de tv (dos poucos que obrigatoriamente começam à hora marcada) que queiram muito ver.
Pessoalmente não sou grande fã da televisão, mas hoje jogou o FCP, queria ver que disso já sou fã e não podia ir ao estádio.
Para os mais arredados destes assuntos realmente importantes, felizmente ganhou 3-1!
Como tinha de ir jantar a casa dos meus pais, aproveitei e vi lá a primeira parte. No intervalo desarvorei a queimar amarelos, para chegar a casa antes do início da segunda parte. Não é por nada de especial, mas um jogo de futebol sabe sempre melhor com os pés em cima do sofá e pese embora todo o tipo de comportamentos degradantes que os meus pais foram habituados a aturar-me ao longo dos anos, pés no sofá é dos poucos que pode fazer a minha mãe expulsar-me pela janela e passar três dias a dizer que eu tenho de sair ao meu pai, a ela não saio concerteza.
E todos sabem que não há pior fúria no inferno que a duma mãe quando alguém se estende, ainda por cima calçado, no novo sofá da sala!
Quando cheguei a casa, a porcaria do comando recusava-se a ligar a caixa mágica, o que facilmente se resolve desligando a caixa da corrente e voltando a ligar (não sei se sabem mas tenho uma costela de engenheiro, o que faz de mim quase tão engenheiro como o nosso primeiro).
Aí surgiu o verdadeiro problema. O último canal ligado não era a Sport TV, pelo que tinha de mudar o canal e a caixa não tem botões (depois querem que um gajo esteja em forma, mesmo que me queira levantar do sofá não adianta nada, a geringonça só funciona com comando e seria realmente estúpido levantar-me e aproximar-me para usar o comando).
Foi quando me surgiram as três questões metafísicas que gostava de partilhar:
-Quem é que se lembrou de inventar aquelas pilhas pequenininhas e que treta de espaço é que aquilo poupa, dado que os comandos são todos mais ou menos do mesmo tamanho?
-Quem é que alguma vez (excepto talvez as mães, essas parece que têm stock de tudo) tem pilhas suplentes em casa, seja para o que for, ainda por cima desse tipo ridículo (parece que se chamam AAA, como o óleo alimentar)?
-Por que raio é que as pessoas, quando os comandos deixam de funcionar, começam a carregar com mais força nos botões e a abaná-los com força?
Estou convencido que a resposta a estas questões pode ajudar em muito o progresso da humanidade, neste primeiro quartel do século XXI.
Bom, para concluir, após abrir meia dúzia de comandos lá consegui um que tinha as pilhas iguais e resolvi o meu problema, depois de rogar algumas pragas ao gajo que inventou as pilhas mais fininhas.
Já agora, para os mais esquecidos, lembro que o FCP ganhou 3-1!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

EUROPEUS MODERNOS

Como habitual, importamos!
Importamos bens, serviços, mão de obra, tecnologia, comportamentos.
Não conseguimos produzir, nem mesmo comportamentos autênticos, portanto importamos. E o mais grave é que não nos importamos.
Qualquer dia somos os suecos mais morenos da Eurolândia.
A Eurolândia está para nós como a Disneylândia para os americanos, só que mais ridícula um bocadinho. Basta dizer que lá o presidente é o rato Mickey e cá é o pateta. Mas ambas tendem a standardizar comportamentos e se possível a "normalizar" atitudes, no sentido de formar uma visão politicamente distorcida do "homo correctus".
A mais recente importação foi a proibição de fumar em tudo o que é canto. Consigo perceber e respeitar os direitos dos não fumadores, estou ciente que o tabaco é prejudicial e sei que os campos de concentração são característicos dos países fascistas. E que o segregacionismo já acabou em África, continente menos desenvolvido.
O que eu não gosto nem um bocadinho é que me imponham comportamentos disparatados. Mesmo na Alemanha, país mais rigoroso, ainda existem aeroportos que, considerando que os momentos que antecedem voar são momentos de tensão e que andar de avião implica umas horas sem fumar (a não ser que se seja o Eng.), mantêm cabinas para fumadores. Ora aí está uma verdadeira preocupação humanista. Marginalizar sim, mas não completamente, não são tão radicais como o país escandinavo em que estão a tornar o nosso outrora jardim à beira mar plantado, em que os autocolantes azuis apodrecem nas prateleiras das lojas e os vermelhos vendem como água. Com tantos brasileiros na Bundesliga, querem ver que os alemães se estão a tornar latinos?
Tudo isto pelo meu direito à indignação, considerandos de saúde e de produtividade à parte.
Também não chateio os gajos que estão na rua sem fumar, porque carga de água é que me chateiam se estiver a queimar um cigarrito debaixo de telha?
Será que os fumadores constipando-se morrem mais depressa e custam menos ao estado? Será que os impostos astronómicos pagos sobre o tabaquito ao longo de uma vida são insuficientes para pagar o aumento exponencial dos custos da saúde? Será que o Eng. está preocupado comigo? Se for esta última, tenho razões para estar apreensivo. Porra, o gajo preocupou-se com o país e vejam o estado em que isto ficou.
Uma coisa vos digo:
Não vou deixar de ir jantar e beber um copo com quem quiser por causa disso. Não vou é a qualquer lugar, preferencialmente vou aos do autocolante azul.
Dado que para colar o papelito azul tem de se investir aproximadamente o equivalente ao PIB de um pequeno país, esses audazes precisam e merecem toda a ajuda que se lhes possa dar. Eventualmente, se a companhia for não fumadora e merecer o sacrifício, posso considerar ir, uma vez por outra, aos gajos do autocolante vermelho, se bem que me custa colaborar com pessoas que para estar em conformidade com a legislação investiram 2 € num autocolante.
Mas se for à vez, e normalmente as pessoas sem responsabilidades políticas são razoáveis, acho pior para quem não fume estar confinada a uma sala onde TODA a gente fuma, quando antigamente estaria numa sala onde ALGUMAS pessoas fumavam.
Sinto-me defraudado, porque quando comecei a fumar não era proíbido, até havia publicidade a incentivar, e foi num pressuposto de liberdade que comecei. E porra, sabe-me bem a seguir ao cafézinho! E chateia-me ter que vir para a chuva. E chateia-me levantar da mesa a meio da conversa e deixar a companhia dos outros, ou mais estúpido ainda, deixarmos todos a companhia da mesa para virmos fumar um cigarrito à rua. Noutro dia o restaurante ficou vazio e todos os comensais estavam no passeio (cerca de uma dúzia) a fumar um cigarrito entre a sobremesa e o café. Isto é rigorosamente verdade, se bem que pareça um filme do Woody Allen.
Dado que a lei não deve ter retroactividade, permitam-me a seguinte sugestão:
Inicia-se uma política séria de prevenção ao tabagismo, mesmo que custe umas coroas os gajos da Eurolândia pagam todos contentes. O pessoal que fuma ao dia de hoje, leva um cartãozinho que permite comprar cigarros e fumar em espaços mais ou menos dignos. Os outros gajos que começarem a fumar depois de terem sido avisados que comprem tabaco no mercado negro e fumem à chuva.
Parva que seja a sugestão é no mínimo tão lógica como a actual legislação em vigor!