quarta-feira, 5 de novembro de 2008

LAR DOCE LAR

Quem me conhece, sabe que no que toca a tarefas domésticas sou uma nulidade, além de um grande calaceiro.
Como a maioria dos gajos solteiros da minha idade, tenho alguma dificuldade em perceber a utilidade de determinados móveis, dado que existe o chão para atirar as coisas. E assim ficam à vista e não temos de perder muito tempo a procurá-las da próxima vez que precisarmos.
Para terem uma noção, e isto é rigorosamente verdade, comprei um fogão há anos que evidentemente não faço idéia como se usa (na realidade dentro do forno ainda estão as garantias, instruções e os pés que os gajos que entregaram esqueceram-se de montar), mas era importante para não ficar com um buraco na cozinha.
Como tal, tenho a melhor invenção de todos os tempos. Uma mulher a dias!
A senhora não limpa grande coisa, mas gosta de tratar do jardim, o que sempre vai sendo alguma coisinha. Lava-me a louça do fim de semana, que nunca chega para uma máquina portanto aguarda na banca a sua vez de ser lavada, faz-me a cama de lavado e dá uma limpadela por onde passa a procissão.
Tem as vantagens de uma mãe, mas não pode mandar vir comigo e não tem caracter de permanência. Querem melhor que isto?
É certo que tem idéias próprias quanto ao que deve ser a decoração de minha casa, o que a princípio me irritava. Também é certo que põe sempre o edredão com o padrão atravessado e sempre que chego, as revistas que deixei na casa de banho estão em cima da mesa da sala.
No entanto, já me habituei a essas pequenas idiossincracias e faz parte do meu ritual quando chego a casa corrigir essas manias da senhora.
Também desconfio que não deve saber ler porque sempre que deixo um bilhete a pedir qualquer coisa, não vejo nem o bilhete nem resultados práticos. Mas não perco por insistir. Como dizia o outro, a esperança é a última a morrer.
Por vezes irrito-me, quando por exemplo abro o louceiro e caiem-me em cima quatro chávenas que se estatelam no chão. A sério, uma ou duas, ainda estou como o outro, mas quatro empilhadas e travadas contra a porta, como raio é que ela conseguiu? Não deve ser fácil!
De certeza que tirou a mão como um raio e fechou a porta como um foguete.
É um milagre não ter fechado o braço dentro do armário.
E enquanto vou buscar o aspirador a praguejar apetece-me despedi-la, mas lembro-me sempre das sábias palavras da minha mãe (desconfio que tem um secreto temor que se eu despedir a senhora a casa se torne num segundo Chernobyl e que sobre qualquer coisa para ela) que diz:
"Olha que não é fácil arranjar quem queira trabalhar nestes dias e pelo menos é séria!"
E é, e ao que me é dado a perceber neste momento é a única qualificação que se pode exigir!
Há administradores de bancos com menos qualificações, ao que consta! Pelo menos nesse campo.
Lá se vão os meus sonhos de contratar uma mulher a dias, sei lá, tipo Ucraniana de 25 aninhos. Também não precisava de limpar muito, que eu já vou estando habituado e nem me convinha que fosse totalmente séria, mas não há mundos perfeitos!
Bom, pelo menos hoje a cama está feita de lavado e durmo sempre melhor nessas noites!

2 comentários:

Alberto disse...

Isso é verdade... com as Benvindas e as Lurdinhas deste Mundo temos sempre de esperar o pior ao chegar a casa, eu inclusivé já tive um princípio de incêndio...por outro lado, dão jeito e permitem que fiquemos na sornice nas nossas horas vagas, em vez de andar nas lidas da casa, onde não há mesmo nenhuma alegria!

Unknown disse...

Tens toda a razão, esqueceste-te foi de falar das teias de aranha, que não são poucas, as próprias....e que eu muitas das vezes tinha de limpar, tirando as gavetas da cozinha, enfim... uma séria de outras "Grandes" coisas!!!Srº Drº faça protesto como já lhe disse, insista nos papéis!!!Afinal para que é que lhe pagas?? Dái-me paciência.....