quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O MÍNIMO DOS MÍNIMOS

Parem tudo!
Desta vez o nosso Engenheiro está carregado de razão!
No fundo prova o adágio que diz que mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia. Mas quando é justo, é justo e desta vez é mais que justo.
Estou a referir-me à actualização do salário mínimo nacional para 2009.
O salário mínimo nacional é uma miséria, mesmo para um país miserável.
O Engenheiro quer aumentá-lo 24 €, para uns míseros 450 €, facto que aqui há dois anos atrás tinha sido acordado em sede de concertação social, com governo, sindicatos, associações patronais e não estou certo se outras máfias.
Trata-se de uma necessidade para evitar que as pessoas que trabalham oito horas por dia, seis dias por semana a troco do salário mínimo (e imaginem como é que se vive com 426 € por mês, isso sim é um desafio à criatividade) entrem no limiar da pobreza, que corresponde, se não me falha a memória a 60% do salário médio.
Não ficava bem na Eurolândia!
Não é que os empresários, esse motor do desenvolvimento sustentado, vieram tentar quebrar o acordo com ameaças de falências e despedimentos em massa, com a desculpa da crise internacional, terramotos, tempestades, apocalipse e outros cenários catastróficos!
Porra, façam as contas a uma PME que tenha dez funcionários a ganhar o salário mínimo (e já tem mais funcionários que a maioria) e vejam o que isso representa em termos anuais.
Menos uma ou duas garrafas de champanhe por mês num bar de alterne de segunda, mas meus amigos, todos temos de apertar o cinto. É a crise! Pelo menos é isso que eu digo à amante.
Mas há coisas que a mesquinhez nacional tem de perceber rapidamente.
Uma delas, e fundamental, é que nunca vamos ter uma economia sustentada na base dos baixos custos de mão de obra.
Qualquer puto de seis anos, desde que tenha um Magalhães com banda larga, já se apercebeu que por aí vamos demorar a conseguir competir com países como a China, se bem que se o miserabilismo continuar, mais dia menos dia também trabalhamos por um prato de arroz.
Esse mesmo puto ranhoso já me sugeriu que se apostasse na qualidade, no design, na formação e motivação dos recursos humanos e quem sabe, num pouco de investigação e desenvolvimento.
Claro que lhe preguei logo uma chapada, que isto são coisas de adultos em que a canalha não tem de meter o nariz.
O que prova que esse adágio da verdade sair da boca das crianças é uma grande treta.

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