quinta-feira, 9 de outubro de 2008

TENHO DE MUDAR DE VIDA

Modéstia à parte, sou uma pessoa, com uma cultura acima da média, uma conversa agradável e algum sentido de humor, fruto de uma esmerada educação que os meus progenitores se esforçaram por me incutir, à custa de muitos sacrifícios pessoais e esporadicamente dumas galhetas.
No fundo era um beto em projecto, mas qualquer falha de execução ao longo da obra fez com que o resultado final divergisse do esperado. Ainda bem. O meu muito obrigado às influências desviantes que tive ao longo da vida.
É certo que não sou uma beleza estonteante (longe disso) e tenho os meus defeitos como toda a gente (até mais que muitas pessoas, se for completamente honesto), mas isso não vem ao caso em apreço, é só para os comentadores reduzirem o nível das alfinetadas (não se pode dar totalmente o flanco e nunca se pode dar a rectaguarda, já dizia o Sun Tzu na arte da guerra).
Toda esta treta para chegar ao que me fez começar a escrever. Tenho de mudar de emprego! Não é que não goste do que faça (na verdade tem altos e baixos como tudo), que esteja mal pago (provavelmente para o número de horas que trabalho até estou, mas não me posso queixar), que saiba fazer outra coisa (já faço isto há tantos anos que até já faço bem) ou que esteja fácil arranjar emprego (e lá voltamos nós à crise).
O que se passa é que ultimamente, sempre que conheço uma rapariga, entre dois copos, temos normalmente uma conversa agradável. O problema é que, inevitavelmente a conversa chega à sacramental pergunta "O que é que fazes na vida?"
É nesse momento que gostava de saber mentir de forma convincente. Bolas para a educação que me deram que me coloca em desvantagem competitiva.
A partir desse momento, independentemente de idade, raça ou credo, sei que a conversa está terminada. A sério, já começo a ser eu a dizer logo "Foi um prazer, vemo-nos por aí."
Ou então é alguma perturbação atmosférica que faz com que quando eu digo que trabalho em seguros a interlocutora perceba qualquer coisa do género "embalsamo cadáveres na morgue" ou "abato gado bovino no matadouro municipal" (sem desprimor por essas profssões que são absolutamente necessárias, mas na minha perspectiva essas sim assustadoras)!
O que é certo e comprovado, e por favor experimentem quando estiverem no meio de uma conversa aborrecida com uma rapariga que tenham acabado de conhecer e de quem não estejam a gostar nem um bocadinho, é que para matar uma conversa basta fazer a sacramental pergunta. Junto com a resposta vem sempre um "E tu?".
É a vossa oportunidade. Aproveitem!
É que nem sempre funciona contra nós.

2 comentários:

Diogo Quental disse...

Ó Marcos,

Acho que estás a exagerar. E, pela tua própria definição, estás errado.

Se não gostas do trabalho que fazes, o melhor é não o considerares parte da tua vida.

Assim, quando alguém te perguntar o que fazes, podes responder "Sudoku, palavras cruzadas e escrevo num blog". Se quiserem saber como ganhas dinheiro, podes dizer que tens uma vida dupla, e que fazes uns servicinhos numa empresa financeira. Acho que se puseres algum mistério na coisa, não tens de te despedir nem delas, nem do emprego.

Já agora, caso não te lembres, eu sou aquele que está a conseguir gerir a coisa com enorme sucesso.

Abraço
D

MS disse...

Do trabalho até gosto, as relações sociais é que ficam pela hora da morte...
Tenho que fazer como tu, aposto na Europa e digo que não sei a palavra inglesa para o meu trabalho.