sábado, 11 de outubro de 2008

QUEREMOS UM PAÍS NOVO

Um dos problemas do Sr. Eng. é que temos de ter cuidado com a forma de dizer as coisas.
Alguém lhe deveria explicar que quando se diz queremos um país novo estamos a falar do mesmo país (este quintalzinho) só que melhor um bocadinho.
Mas pronto, prometeu-nos um país novo e cumpriu.
Sempre na vanguarda, apressou-se a reconhecer o Kosovo.
Nunca estive no Kosovo, pela simples razão que o Kosovo não existe. Seria um bocado como perguntar a um Australiano se já esteve em Portugal e ele dizer que não, mas esteve no Minho. Não faz grande sentido. Ainda se fosse no Algarve, podia entender, que a língua é outra.
Já estive na Sérvia e posso dizer-vos que os Sérvios são um povo espectacular. Agradáveis, disponíveis, educados, hospitaleiros (até com americanos que lhes bombardearam a capital há pouco tempo, o que demonstra um grande sentido de humor) mas muito cientes da sua cultura e da nacionalidade (já agora, as catraias também são muito giras). O Kosovo é o berço da nacionalidade sérvia. E eles já andaram à porrada por menos e acreditem que não são de capinar sentados. Não é por acaso que aquela zona é conhecida pelo caldeirão dos Balcãs, é porque ferve. E ao contrário do que tentam fazer passar por estes lados, os nacionalistas não são uma minoria, são uma quase unanimidade.
Para perceberem o que eu quero dizer, vamos supor que em Guimarães, de um momento para o outro, abrem montes de lojas de chineses. Três gerações depois, a população de Guimarães é 80% chinesa e resolve unilateralmente lançar a república de Guimarães. Ridículo, não é? Agora que a Sérvia tinha direito a reconhecê-la, tinha com certeza. Amor com amor se paga!
Pois foi mais ou menos o que aconteceu com o Kosovo, só que com Albaneses. Com a agravante que o Kosovo não tem condições históricas, geográficas, económicas e políticas para ser um país.
Historicamente faria muito mais sentido reconhecer a Irlanda do Norte, a Córsega, a Catalunha, a Euskadi e até a Galiza. Reparem que os Espanhóis não são parvos e vejam lá se eles reconheceram fosse o que fosse! Têm de tomar conta do quintal deles! Já meteram o pé na argola com a cimeira das Lages e aprenderam a nunca mais alinhar connosco.
Porra, por este andar nunca mais tenho um atlas actualizado. Em 1995, em Praga, no sítio onde estava hospedado tinham um mapa político afixado com um letreiro a dizer: " Pedimos desculpa se está desactualizado, mas estão a aparecer países mais rapidamente do que conseguimos fazer mapas". Na altura compreendia-se, havia uma razão válida para reverter a geografia política artificial gerada pelo pós segunda guerra mundial e pela guerra fria subsequente.
Agora não faz sentido. Ainda criam outra faixa de Gaza na Europa Central.
O Eng. devia ter presente isto que acabei de dizer, para além de que temos soldados na K-force (porquê também não faço ideia) que estão sujeitos a ter problemas e que este reconhecimento extemporâneo pode vir a legitimar outros ainda mais absurdos.
Além do mais, por este andar, com tantos países na Europa ainda vamos ter que passar a periodicidade dos Europeus de futebol para oito anos, porque só para as qualificações vão ser precisas duas gerações de jogadores.
Estou-me a lembrar que como paga o Kosovo podia reconhecer o curso do Sr. Engenheiro.
Afinal, reconhecimento com reconhecimento se paga!

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