segunda-feira, 15 de setembro de 2008

CAI A NOITE NA CIDADE


Há coisas que nunca vou entender na noite do Porto e já ando a fazer pesquisa há mais de 25 anos.
Provavelmente tenho de me esforçar mais.
Em primeiro lugar, nunca percebi muito bem o porquê da psicologia de massas que faz com que toda a gente se desloque para o mesmo sítio ao mesmo tempo. Será um chamamento magnético, como o que faz a agulha da bússola apontar invariavelmente o Norte?
Também me escapa porque é que os sítios novos é que são bons, e como tal alvos da peregrinação conjunta.
Os sítios que agora já não são tão novos, já o foram em tempos, mas estão invariavelmente às moscas. E já foram divertidos, e se calhar ainda seriam se não fosse o abandono a que foram votados.
Para a procura existente, o Porto deve ser a cidade com mais excesso de oferta de espaços nocturnos.
Estou convicto que um bar ou discoteca seria suficiente desde que fosse o último a abrir. Toda a gente vai ao mais recente, portanto para quê complicar?
Também me intriga o porquê dos empresários da noite investirem balúrdios em decorações, algumas até de bom gosto. Parece que correntemente as preferências vão mesmo para um aglomerado literalmente no meio da rua, tipo pickled people, onde para ir ao bar pedir um copo ou se leva tropa de intervençao a abrir caminho, ou se morre à sede, o que num bar é no mínimo caricato mas cada vez mais plausível.
Ainda mais enigmático é ter a certeza que muitas das pessoas ali comprimidas não se estão a divertir minimamente, antes pelo contrário, parecem revestir de uma espécie de espírito de sacrifício solidário e colectivo que consigo perceber durante uma catástrofe natural, mas que tenho dificuldade em entender numa noite de copos que se quer divertida. E basta olhar para a cara das pessoas para perceber que estavam melhor noutro sítio.
Claro que toda esta análise cai por terra com a mudança do clima.
Começando a chover, as pessoas deixam de se aglomerar no meio da rua, para se passarem a aglomerar no mais novo bar a inaugurar.
E aí, vai-se ouvir música, que para mim costumava animar o espírito e alegrar a alma, por muito má que pudesse ser e por gigantesca que seja a minha incapacidade de dançar.
Isso, quer queiram quer não, é uma melhoria sobre o zumbido das mil conversas que decorrem ao nosso lado, que somos obrigados a ouvir mesmo que não nos digam nada, enquanto estamos a evitar enfiar o cotovelo dentro do copo da pessoa que está involuntariamente comprimida contra nós no pandemónio do meio da rua.
Diga-se no entanto que é uma das ruas mais bonitas do Porto, valha-nos isso! E como toda a gente, invariavelmente também lá estou misturado, afinal estão lá todos, para onde queriam que fosse?

3 comentários:

Alberto disse...

Engraçado, quando é para a Retro-Party do Extravaganza não te queixas...

MS disse...

Claro que não.
O Extravaganza tem música!

Alberto disse...

Ai tem? Chego lá e fico tão distraído que nem reparo...