terça-feira, 16 de setembro de 2008

EUROPEUS MODERNOS

Como habitual, importamos!
Importamos bens, serviços, mão de obra, tecnologia, comportamentos.
Não conseguimos produzir, nem mesmo comportamentos autênticos, portanto importamos. E o mais grave é que não nos importamos.
Qualquer dia somos os suecos mais morenos da Eurolândia.
A Eurolândia está para nós como a Disneylândia para os americanos, só que mais ridícula um bocadinho. Basta dizer que lá o presidente é o rato Mickey e cá é o pateta. Mas ambas tendem a standardizar comportamentos e se possível a "normalizar" atitudes, no sentido de formar uma visão politicamente distorcida do "homo correctus".
A mais recente importação foi a proibição de fumar em tudo o que é canto. Consigo perceber e respeitar os direitos dos não fumadores, estou ciente que o tabaco é prejudicial e sei que os campos de concentração são característicos dos países fascistas. E que o segregacionismo já acabou em África, continente menos desenvolvido.
O que eu não gosto nem um bocadinho é que me imponham comportamentos disparatados. Mesmo na Alemanha, país mais rigoroso, ainda existem aeroportos que, considerando que os momentos que antecedem voar são momentos de tensão e que andar de avião implica umas horas sem fumar (a não ser que se seja o Eng.), mantêm cabinas para fumadores. Ora aí está uma verdadeira preocupação humanista. Marginalizar sim, mas não completamente, não são tão radicais como o país escandinavo em que estão a tornar o nosso outrora jardim à beira mar plantado, em que os autocolantes azuis apodrecem nas prateleiras das lojas e os vermelhos vendem como água. Com tantos brasileiros na Bundesliga, querem ver que os alemães se estão a tornar latinos?
Tudo isto pelo meu direito à indignação, considerandos de saúde e de produtividade à parte.
Também não chateio os gajos que estão na rua sem fumar, porque carga de água é que me chateiam se estiver a queimar um cigarrito debaixo de telha?
Será que os fumadores constipando-se morrem mais depressa e custam menos ao estado? Será que os impostos astronómicos pagos sobre o tabaquito ao longo de uma vida são insuficientes para pagar o aumento exponencial dos custos da saúde? Será que o Eng. está preocupado comigo? Se for esta última, tenho razões para estar apreensivo. Porra, o gajo preocupou-se com o país e vejam o estado em que isto ficou.
Uma coisa vos digo:
Não vou deixar de ir jantar e beber um copo com quem quiser por causa disso. Não vou é a qualquer lugar, preferencialmente vou aos do autocolante azul.
Dado que para colar o papelito azul tem de se investir aproximadamente o equivalente ao PIB de um pequeno país, esses audazes precisam e merecem toda a ajuda que se lhes possa dar. Eventualmente, se a companhia for não fumadora e merecer o sacrifício, posso considerar ir, uma vez por outra, aos gajos do autocolante vermelho, se bem que me custa colaborar com pessoas que para estar em conformidade com a legislação investiram 2 € num autocolante.
Mas se for à vez, e normalmente as pessoas sem responsabilidades políticas são razoáveis, acho pior para quem não fume estar confinada a uma sala onde TODA a gente fuma, quando antigamente estaria numa sala onde ALGUMAS pessoas fumavam.
Sinto-me defraudado, porque quando comecei a fumar não era proíbido, até havia publicidade a incentivar, e foi num pressuposto de liberdade que comecei. E porra, sabe-me bem a seguir ao cafézinho! E chateia-me ter que vir para a chuva. E chateia-me levantar da mesa a meio da conversa e deixar a companhia dos outros, ou mais estúpido ainda, deixarmos todos a companhia da mesa para virmos fumar um cigarrito à rua. Noutro dia o restaurante ficou vazio e todos os comensais estavam no passeio (cerca de uma dúzia) a fumar um cigarrito entre a sobremesa e o café. Isto é rigorosamente verdade, se bem que pareça um filme do Woody Allen.
Dado que a lei não deve ter retroactividade, permitam-me a seguinte sugestão:
Inicia-se uma política séria de prevenção ao tabagismo, mesmo que custe umas coroas os gajos da Eurolândia pagam todos contentes. O pessoal que fuma ao dia de hoje, leva um cartãozinho que permite comprar cigarros e fumar em espaços mais ou menos dignos. Os outros gajos que começarem a fumar depois de terem sido avisados que comprem tabaco no mercado negro e fumem à chuva.
Parva que seja a sugestão é no mínimo tão lógica como a actual legislação em vigor!

2 comentários:

Alberto disse...

Concordo com quase tudo, mesmo sendo apenas fumador de fim-de-semana!
Agora, calma aí...de suecos ainda temos muito pouco...desde logo, evidencia-se a quase total ausência das suecas e da sua mentalidade (entre outros bons atributos) muito própria que bem jeito daria por cá.

MS disse...

Só me dás razão.
Até o tipo de importação escolhemos mal!