domingo, 14 de setembro de 2008

E TUDO O VENTO LEVOU


O problema do homem é ser um animal da hábitos.
Os hábitos, bons ou maus, podem sempre voltar-se contra nós.
Entre as várias rotinas que desenvolvi, uma é cortar o cabelo sempre no mesmo cabeleireiro. Não me perguntem porquê, agora que penso nisso com mais detalhe, acho que tem a ver com localização (fica ao lado do supermercado onde também tenho o hábito de fazer compras) e com o horário alargado (funciona num centro comercial e eu tenho o hábito de fazer estas coisas fora de horas).
Quanto à qualidade do corte, houve uma vez que até gostei. O problema é que trabalham lá várias pessoas. Uma corta o cabelo primorosamente, as outras nem por isso. Não aceitam marcações, pelo que chega-se e é-se atendido por quem estiver mais rapidamente disponível. Esse pequeno pormenor já fez com que várias vezes espreitasse a ver se estava a trabalhar a pessoa que me corta o cabelo como eu gosto e rapidamente desaparecer ao verificar que não.
Quando está a trabalhar, é a minha pequena roleta russa. Entro e começo a fazer figas para que ela fique liberta quando chegar a minha vez.
Esta semana passada não aconteceu (por um fio, diga-se, mas nem sequer estava mais ninguém à espera para eu poder passar a vez), pelo que avancei para a cadeira como o condenado para a forca, com a resignação do inevitável mas com a esperança da absolvição de última hora.
Fiquei mais tranquilo quando a menina perguntou:
-É sobre o comprido, não é?
-Sim, sim, o costume, pergunte aquela sra. que ela sabe como é, ela é que costuma cortar.
-Sim, não se preocupe.
Escusado será dizer que me devia ter preocupado. Gostava de saber porque é que o conceito de comprido das mulheres é substancialmente diferente do meu. Porra, há militares neste momento com maior cabelo que o meu! E uma coisa que os profissionais do corte não compreendem é que tirar pode-se sempre num instante, voltar a colocar demora mais uns meses.
Mas o que não tem remédio, remediado está. Devia haver alguém para vigiar estas actuações e dizer atempadamente "Não corte mais curto que isso"!
E se dúvidas houvesse quanto a ficar terrível, temos a prova dos nove que é infalível:
A minha mãe gostou e disse algo do género " FICAS COM UM AR MUITO MAIS LIMPINHO"!
E temos a prova real quando os colegas de trabalho dizem "PARECES DEZ ANOS MAIS NOVO".
Desconfiem sempre destas coisas.
Mas pronto, vai voltar a crescer e eu provavelmente, para não ir cortar a um sítio que não conheço porque pode ficar mal, vou quase de certeza cortar a um sítio que conheço onde pode (e com 90% de probabilidade vai) ficar mal.
Como disse no início, o problema do homem é mesmo ser um animal de hábitos!

7 comentários:

Eduardo Santos Costa disse...

Devias ir ao barbeiro e não ao cabeleireiro como a tua mãe...

Alberto disse...

Apesar de tudo tens sorte.
Os hábitos vão-se mudando ao longo dos tempos, se assim não fosse, terias ido ao Soares, onde, para além de ainda teres vindo de lá com o cabelo ainda mais curto, provavelmente ainda terias deixado algum para ajudar a reabilitação financeira do Boavista...
No meio desta situação, acho que quem tem razão ainda é a senhora da limpeza!

MS disse...

Pois, isso do barbeiro até é capaz de ser verdade, mas, corte de cabelo à parte, os barbeiros sabem tudo sobre qualquer assunto, da divisão distrital de futebol ao funcionamento do acelerador de partículas e sinceramente já não há paciência.
Ao menos no cabeleireiro é mais sossegado e vai-se vendo umas catraias engraçadas.

Eduardo Santos Costa disse...

Eu quando quero ver umas miúdas não vou ao cabeleireiro, o copo é muito caro.

MS disse...

Caro é verdade que é.
Não deixas couro, mas deixas cabelo com fartura.
Por outro lado, têm a vantagem de no mínimo terem o cabelo arranjado.

Alberto disse...

E algumas até falam estrangeiro!

Eduardo Santos Costa disse...

Ouvi dizer que existem outros sítios em que, no que refere ao cabelo, o máximo que te pode acontecer é saíres despenteado, para além disso também servem com cabelos ás cores e em várias línguas (literalmente). Mais, não corres o risco de encontrar familiares directos e não precisas de espreitar à porta – acho que há uniformidade no desempenho. Mas isso foi o que ouvi dizer…