terça-feira, 30 de setembro de 2008

A CRISE DO SISTEMA É UM PROBLEMA

Já se notam cá na terrinha as implicações da crise do sistema financeiro americano.
Parece que os bancos já não têm guita e vai daí, a rapaziada que costumava assaltar bancos, multibancos e carrinhas de transporte de valores com alguma regularidade vê-se a enfrentar o espectro do desemprego.
Claro que, como diz o outro, em chinês a palavra crise escreve-se com dois símbolos, um que significa perigo e outro oportunidade. E como já tive ocasião de escrever, sempre fomos uns gajos desenrascados e até ocasionalmente empreendedores.
Vai daí, alguma dessa rapaziada do fananço, para continuar no ofício, ou se virava para a política ou diversificava o mercado alvo.
E mesmo para a maioria dos ladrões existem limites a partir dos quais se recusam a baixar!
Claro que o mercado está a encolher, com a rapaziada de uma maneira geral entre o desemprego e a miséria e com as bombas de gasolina em que ninguém abastece mais do que litro e meio, porra, há que dar largas à imaginação para se poder fazer uns trocos com um assaltito.
Algumas mentes mesquinhas podiam sugerir trabalho honesto, mas vão vocês tentar arranjar emprego neste rectangulo à beira mar e vejam se é fácil...
E a rapaziada, até com um certo sentido de humor, diversificou.
E gozo que possa parecer, há uns dias, enquanto o porta-voz do partido do governo em conferência de imprensa informava que este país não tem problemas de segurança, assaltavam-lhe a casa, ao que parece na margem Sul. Falem lá em justiça poética.
São estas situações que por vezes me fazem questionar o meu ateísmo.
Também o procurador geral da república (aqui fiz um esforço para não escrever das bananas e quase que conseguia), que anunciou planos, medidas e task-forces contra o crime, viu a sua casinha de férias assaltada.
Mas o prato forte foi hoje. Se não fosse o meu pai a contar-me eu não acreditava, mas ele não brinca com assuntos sérios.
Assaltaram a judiciária, mais propriamente a direcção de combate ao banditismo e roubaram uma série de material. Se não fosse tão sério ainda me estava a rebolar a rir.
Há uma frase que sempre me irritou, mas acho que aqui se aplica como uma luva:
POR ESTE ANDAR, ONDE É QUE ISTO VAI PARAR?
Apesar de no combate à criminalidade, ao contrário do que diz o governo da nação, haver dificuldades evidentes e até alguma desorientação nítida (e não vou discutir se é falta de formação, preparação, recursos humanos, equipamentos, financiamento, conjuntura, o carro não pegar de manhã, o gato estar constipado, o café estar frio, a patroa estar com os azeites e provavelmente um pouco de todas estas coisas juntas), a segurança, pelo menos rodoviária, tem obrigação de aumentar a olhos vistos. Isto tem de ser uma coisa de cada vez que não há orçamento para tudo.
É que lá a passar multas, continua a ser um despacho, aí não há falta de meios.
E até trazem o terminal multibanco ao carro, que assim não carregam dinheiro e torna-se mais seguro no caso de serem assaltados.


1 comentário:

Eduardo Santos Costa disse...

A questão antiga é quem nos protege da autoridade a nova é quem protege a autoridade.